Grupo Almofadinhas ressignifica a arte do bordado em nova exposição em Belo Horizonte

(Belo Horizonte)

No próximo dia 3/02, 16h, sábado, abre no Viaduto das Artes em Belo Horizonte a exposição Almofadinhas, de Fábio Carvalho, Rick Rodrigues e Rodrigo Mogiz, com curadoria de Shannon Botelho.

Almofadinhas reúne três artistas contemporâneos - Fábio Carvalho, Rick Rodrigues e Rodrigo Mogiz - numa mostra que será realizada de 03 de fevereiro a 29 de março de 2024, no Viaduto das Artes, um espaço cultural e multidisciplinar instalado na região do Barreiro (Avenida Olinto Meireles, nº 45), com obras que variam desde almofadas bordadas até instalações suspensas e de parede.

A abertura acontece no próximo sábado, 03 de fevereiro, de 15h as 19h, com visita guiada pelos artistas e o curador Shannon Botelho.



A Mostra "Almofadinhas" é realizada com recurso da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte. A programação inclui oficina presencial, visita guiada e roda de conversa. As atividades são gratuitas e têm como propósito desmistificar o papel masculino em ofícios considerados exclusivamente femininos, como o bordado, proporcionando aos participantes uma experiência de caráter educativo.

O evento é destinado ao público em geral. Já a oficina virtual é voltada para estudantes de escolas públicas de Belo Horizonte e Região Metropolitana de BH, e as informações serão divulgadas no Instagram (@grupo_almofadinhas). Para os estudantes, são oferecidas também visitas guiadas, que devem ser agendadas pela direção da escola através do e-mail do Viaduto das Artes (viadutodasartes@gmail.com).



OS ARTISTAS

Fábio Carvalho é formado na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (RJ) e frequentou cursos livres no MAM-Rio, Itaú Cultural, EBA/UFRJ, Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, Centro Cultural Banco do Brasil, entre outras instituições. Integrou importantes projetos de mapeamento da produção de arte no Brasil e realizou dezenas de exposições individuais e coletivas, nacionais e internacionais, com ênfase para sua participação, como artista convidado, na XXII Bienal de Cerâmica, realizada em Aveiro (Portugal), em 2015, com curadoria do espanhol Xohan Viqueira, e na VI Bienal de Cuenca, no Museo de Arte Moderno (Equador), em 1998, com curadoria de Icléia Cattani.

Rick Rodrigues é graduado em Artes Plásticas, Mestre em Artes pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e formado em Arte Contemporânea pelo Prêmio Energias nas Artes, Instituto Tomie Ohtake e Instituto EDP. Natural de João Neiva/ES, onde reside, já realizou uma série de exposições individuais, como Tratado geral das grandezas do ínfimo, na Galeria de Arte Ibeu, no Rio de Janeiro (RJ), em 2019, com curadoria de Cesar Kiraly. Ministrou cursos e participou de residências artísticas, feiras, festivais, rodas de conversa, mesas de debate e apresentações. Possui obras em acervos institucionais e particulares e, em Vitória, é representado pela OÁ Galeria - Arte Contemporânea.

Rodrigo Mogiz é Artista Visual, graduado pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Desde 2003, se dedica ao bordado como desenho e pintura, estabelecendo conexões entre o artesanato e o design, buscando reflexões sobre relações afetivas a partir da sua homoafetividade e da tradição do bordado. Realizou cerca de 10 exposições individuais e participou de 52 coletivas em Belo Horizonte, onde vive e trabalha, e em outras localidades do país e exterior. Sua mais recente exposição foi a coletiva Tramas da Memória, da qual foi também curador, reunindo 26 artistas de Minas Gerais que atuam com arte têxtil contemporânea, no Museu de Artes e Ofícios, em Belo Horizonte, em 2022.

O CURADOR

Shannon Botelho é crítico de arte, curador independente e professor no Departamento de Artes Visuais do Colégio Pedro II (RJ). É doutor em História e Crítica da Arte pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Escola de Belas Artes/UFRJ em parceria com a École des Hautes Études en Sciences Sociales/CRBC (Paris). É representante do Comitê de História, Teoria e Crítica de Arte da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas (ANPAP). Foi curador em 16 exposições, entre elas, Balangandãs (Zipper Galeria-SP 2018), Da Linha, o Fio (BNDES-RJ 2019), Estruturas Improváveis (Casa das Artes- Tavira 2020), Água Banta (MMGV-RJ 2022) e Coração na Mão (Le Salon H – Paris, 2023).




ALMOFADINHAS

No ano de 1919, meses após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), um concurso incomum mobilizou a cidade de Petrópolis (RJ). As notícias destacavam que rapazes elegantes haviam se reunido para definir quem se sobressaía na arte de bordar e pintar almofadas trazidas da Europa, especialmente para a ocasião. O escritor Raimundo Magalhães, pesquisador e conhecedor dos costumes da época, conta que o termo “almofadinha” teria surgido naquele momento para designar “tipos afetados, cheios de salamaleques e não-me-toques”. Quase um século depois, três artistas, Fábio Carvalho, Rick Rodrigues e Rodrigo Mogiz, subverteram a nomenclatura utilizada para ridicularizar aqueles homens que bordavam na Região Serrana Fluminense e se organizaram em um coletivo artístico que possui como foco de interesse o desenvolvimento de poéticas visuais centradas no bordado.

No ano de 2017, o coletivo apresentou em Belo Horizonte uma exposição que revelava ao público não somente suas obras em bordado, mas também seu pensamento e posicionamento diante de tão grandes desafios. O grupo seguiu produzindo, cada qual em seu lugar – cada um dos artistas vive em uma cidade diferente: Rio de Janeiro, João Neiva e Belo Horizonte –, apresentaram seus trabalhos coletivamente ou individualmente em outros espaços e agora retornam à cidade para apresentar alguns trabalhos inéditos e uma exposição com outro recorte e curadoria. Desde então, o tecido social em todo país foi intensamente desgastado pela polarização política, pela crise econômica e, sobretudo, pelo avanço da lógica individualista que rege o tempo presente. Por esta razão é possível perceber, no contexto da exposição, mudanças significativas nos modos de apresentar os trabalhos, seus temas e suportes. Se por um lado as identidades e visualidades parecem permanecer, os sujeitos e contextos sofreram transformações significativas.

Desde o episódio de Petrópolis em 1919, infelizmente, muito preconceito e ignorância permanecem. Mais do que nunca, a perseguição e censura aos comportamentos tidos como desviantes de um certo padrão conservador – aquele que cumpre com os estereótipos impostos por uma sociedade retrógrada, da “moral e bons costumes” – avançam em marcha assustadora. Para muitos ainda parece estranho, ou mesmo emasculante, quando homens se dedicam a atividades normalmente percebidas, pela maioria, como “coisa de mulher”: o ato de bordar lenços, paninhos de mesa e almofadas, pintar pratos de porcelana, construir objetos delicados com flores e borboletas, discutir questões de afeto, memória e sexualidade. Para os padrões de pensamento limitado, estas atividades humanas são impossíveis de coexistir lado a lado a sua noção de masculinidade. No contexto social geral, ao menos desde a Idade Média homens que bordam, certamente, não são uma novidade. No meio artístico tampouco. Bispo do Rosário e Leonilson, figuram como exemplos recentes de artistas que consolidaram as suas poéticas por meio dos bordados. Este também é caso de Fábio Carvalho, Rick Rodrigues e Rodrigo Mogiz.

Nesta exposição cada uma das obras reflete os momentos de sua própria criação e discutem as situações em que se encontram os artistas, constituindo através de suas formas, imagens e cores, narrativas singulares. No caso de Fábio Carvalho e Rick Rodrigues, por exemplo, percebemos que as armas – tema tão em voga no Brasil recente – aparecem nos trabalhos operando como signos das violências reais e simbólicas sobre os corpos e existências não hegemônicas. Já nos trabalhos de Rodrigo Mogiz, a cor é destacada e ganha outras funções, uma vez que opera como veículo de informação e definição. Camuflagens e arco-íris, figuras e textos, utensílios de bordar e objetos prosaicos passam a operar nesta exposição como agentes discursivos, ou melhor, como elementos que ratificam a diversidade, a não violência e a pluralidade – de pensamento e de existência – como sendo formas de interação com o mundo. Por esta razão os trabalhos dos três artistas estão apresentados na galeria sem uma delimitação exata, como espaços a serem ocupados por um ou outro. Cada obra apresenta a outra, completando aquilo que coletivamente é construído. Como discursividade unívoca do coletivo, esta exposição trata do presente, reflete o passado e mira outros futuros possíveis, em que pesem mais as pluralidades, os saberes coletivos, a horizontalidade das relações e a valorização do afeto como um instrumento efetivo de transformação perene do mundo.

Shannon Botelho
janeiro 2024


SERVIÇO:

exposição Almofadinhas

Abertura - 03/02 (sábado) - 15h às 19h
Visitação - 05/02 a 29/03 (segunda a sexta) – 10h às 17h
Agendamentos Escolares - viadutodasartes@gmail.com

Viaduto das Artes
Avenida Olinto Meireles, nº 45
Barreiros, Belo Horizonte, MG

Produção e Coordenação - Natalia Azevedo




[ PARADA II - Reabertura ]

(Rio de Janeiro - RJ) 
reabertura: 7/05/2022 sábado 14-17h
visitação até 19/07/2022

Depois de mais de dois anos trancados no "bunker", o Exército Monarca, de Fábio Carvalho, volta a levantar vôo no Memorial Municipal Getúlio Vargas a partir de 7 de maio, com a reabertura da instalação PARADA II

PARADA II, do artista carioca Fábio Carvalho, é uma instalação com mais de 700 bandeirinhas de papel de seda com impressão de soldados portando fuzil, com asas de borboleta saindo das costas, que ocupará a área de exposições temporárias do Salão Principal do Memorial Municipal Getúlio Vargas, com curadoria de Shannon Botelho. A impressão das bandeirinhas foi feita uma a uma, com o uso de carimbos de borracha produzidos à mão pelo próprio artista, a partir de um desenho original de sua autoria.



O uso da imagem da borboleta monarca (Danaus plexippus) em vários dos trabalhos de Fábio Carvalho vai muito além do fato de borboletas serem normalmente associadas ao universo feminino, frágil e delicado, que em oposição aos símbolos usualmente aceitos como masculinos, de força e virilidade, como os militares, formam a principal dialética da sua produção artística, que procura levantar uma discussão sobre estereótipos de gênero, e questionar o senso comum de que força e fragilidade, virilidade e poesia, masculinidade e vulnerabilidade não podem coexistir.

Seu uso surge ainda como um contraponto à camuflagem dos uniformes militares. As borboletas monarca são tóxicas, e por isso evitadas pelos predadores. Há outras espécies de borboleta não venenosas que mimetizam o padrão exuberante da monarca, que assim são também evitadas pelos predadores. Camuflagem e mimetismo são estratégias opostas de sobrevivência e proteção, que objetivam confundir e enganar, ao se fingir ser algo que não se é.



As linhas de bandeirinhas são dispostas perpendicularmente às duas paredes, em sequência ordenada, começando do alto, descendo suavemente a cada nova fileira, até ficarem na altura do chão ao final do corredor da galeria. Desta forma, até um certo ponto se poderá entrar na instalação, até que a massa de bandeirinhas te impeça de seguir.

PARADA II é sobre ordem, a imposição de uma certa ordem, que padroniza, anula diferenças, ignora a diversidade, dita um ritmo, uma regra arbitrária de ocupação dos espaços, cartesiana, regular, mas que apesar de todo o esforço de padronização, de robotização dos corpos e mentes, a menor e mais singela interferência (a entrada de pessoas do público na exposição) já desestabiliza esta ordem rígida e monótona, insere movimento, poesia, beleza (através do movimento de ar gerado pelo deslocamento das pessoas no interior da instalação).


Outro detalhe, mais sutil, é que de imediato vemos essa ordem/rigor, mas se olharmos de perto, de dentro, é uma aparência, uma fachada (precária); há defeitos, emendas, rasgos, amassados; a vida real, suja, orgânica, entrópica, sempre se impõem à ordem rígida e artifical, arbitrária, que para ser preservada exige trabalho, esforço, reforço, força (violência).

A exposição PARADA II foi originalmente inaugurada em 14/2/2020. Por causa da pandemia de Covid19, iniciada em março daquele ano, ela foi fechada pouco tempo depois, e permaneceu fechada até agora. Apesar da fragilidade material da obra, ela permaneceu praticamente intacta nestes 27 meses de "reclusão".

SERVIÇO:

exposição PARADA II
de Fábio Carvalho
curadoria Shannon Botelho
Coordenação de Eunice Simeão
Memorial Municipal Getúlio Vargas
Praça Luís de Camões, s/n, subsolo - Glória - Rio de Janeiro
Abertura 7.05.2022 sábado 14-18h.
Visitação até 19.06.2022
quinta / domingo, 10h às 17hh



[ Natureza Camuflada - Fábio Carvalho ]

(Online)
a partir de: 14/04/2022, quinta sexta 19h
até: Exibição por demanda, disponibilidade permanente no link abaixo
local: tinyurl.com/naturezacamuflada


Em 2019 Fábio Carvalho participou da W Residência Artística em Ribeirão Preto. A residência aconteceu em um casarão cercado por um enorme jardim tropical luxuriante. Lá, como resultado da imersão na residência, o artista criou a obra Albarrada, uma série de azulejos de papel pintados à mão com desenhos autorais de plantas do jardim e das imediações da residência artística, combinadas com figuras militares.

A partir desta experiência, Fábio Carvalho começou a criar uma série de novos trabalhos em bordado, fotografia, desenho, gravura digital, objetos, vídeo e até instalação. Esta nova série de trabalhos responde pelo título geral Natureza Camuflada, que ao partir de plantas ornamentais como seu “assunto”, acaba por renovar e ampliar sua discussão dos últimos 13 anos sobre estereótipos de gênero.


No próximo dia 14 de abril, quinta, às 19h, o artista lançará o vídeo documentário inédito Natureza Camuflada – O que é preciso mascarar para (r)existir socialmente?, onde apresenta esta nova produção nos últimos quatro anos, de 2019 a 2022, bem como alguns trabalhos anteriores que já apontavam este caminho, mesmo que ainda não de forma consciente.


O uso de elementos botânicos foi sempre uma constante nas obras de Fábio Carvalho, por representarem, no imaginário popular, um contraponto feminino aos símbolos de virilidade. Entravam nas obras como ornamentação provocadora aos estereótipos de “homem macho”. Num certo momento, o artista também começou a usar ilustrações de pássaros e insetos em suas obras. Mais para frente, o que antes era ornamento, contraposição, provocação, gradualmente tornou-se assunto.

Este projeto contou com o patrocínio do Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através do Edital Cultura Presente nas Redes 2.


#SececRJ #CulturaPresente #CulturaPresentenasRedes2 @sececrj 

FICHA TÉCNICA
Concepção, produção, roteiro, revisão, edição, obras, narração: Fábio Carvalho 
Fotos e vídeos (exceto onde indicado outro autor): Fábio Carvalho 
Instagram: @fabiocarvalho2105

SERVIÇO
DIA E HORÁRIO (ESTRÉIA):  14 de abril, quinta, 19h
DURAÇÃO: Exibição por demanda, disponibilidade permanente no link acima.
DADOS TÉCNICOS: vídeo, cor, estéreo, Full HD 1080p, 30 minutos.

[ Transbordar: Transgressões do Bordado na Arte ]

(São Paulo - SP) 
abertura: 26/11/2020 
visitação: 26/11/2020 a 08/05/2021


Obras de arte históricas e contemporâneas, nacionais e estrangeiras, que refletem sobre o lugar do bordado na arte dos séculos XX e XXI compõem a exposição inédita Transbordar: Transgressões do Bordado na Arte, em cartaz a partir de 26/11 no Sesc Pinheiros - SP. 

A mostra reúne 39 artistas de diferentes gerações e pesquisas, como "Almofadinhas" (Fábio Carvalho, Rick Rodriguez, Rodrigo Mogiz ), Ana Bella Geiger, Bispo do Rosário, Leonilson, Nazareth Pacheco, Rosana Paulino e Zuzu Angel, e tem curadoria de Ana Paula Cavalcanti Simioni. Em comum, suas obras apresentam subversões dos sentidos tradicionalmente atribuídos a essa prática, tais como o de obras como sensíveis, delicadas e "femininas".

Fábio Carvalho - Fado Indesejado

Historicamente, o bordado, tal como ocorreu com diversas outras práticas artísticas, como a tapeçaria, vitrais e mobiliário, foi relegado pelo circuito acadêmico da Europa do século XVI à condição de uma "arte menor", ao contrário do que ocorreu com a pintura e escultura que foram, então, elevadas a "belas artes".

A exposição discute a ideia do bordado como um ornamento tido como fútil ou pouco funcional por meio de obras que incitam a pensar sobre diversos tipos de violência - contra a população infanto-juvenil, violência de gênero, violência racial, violência manicomial, gordofobia e LGBTQIA - tão disseminados na sociedade contemporânea.

Para a curadora Ana Paula Cavalcanti Simioni, "o bordado é uma prática artística carregada de significado. Frequentemente é associado a uma produção feminina, doméstica e artesanal. Essas associações, no entanto, não devem ser vistas como naturais, e sim como fruto de uma história da arte e da cultura que se construiu a partir de divisões e hierarquias que, hoje, precisam ser questionadas".

Estruturada a partir de dois módulos - Artificando o Bordado e Transbordamentos - a exposição traz ao público mais de 100 obras. A disposição dos trabalhos no espaço expositivo é, simultaneamente, histórica e temática. São criações realizadas por artistas de todos os gêneros que têm no bordado um meio expressivo e um contestador social.

Artistas que compõem a mostra: Aldo Bonadei, Anna Bella Geiger, Ana Miguel, Angela Od, Arpilleras, Beth Moysés, Bispo do Rosário, Brígida Baltar, Caroline Valansi, Edith Derdyk, Fábio Carvalho, Fernando Marques Penteado, Janaina Barros, Jeanete Musatti, Jucélia da Silva, Karen Dolorez, Leonilson, Letícia Parente, Lia Menna Barreto, Nara Amélia, Nazareno Rodrigues, Nazareth Pacheco, Nino Cais, Niobe Xandó, Paulo Lima Buenoz, Pedro Luis, Pola Fernandez, Regina Gomide Graz, Regina Vater, Rick Rodrigues, Rodrigo Lopes, Rodrigo Mogiz, Rosana Palazyan, Rosana Paulino, Rosângela Rennó, Sol Casal, Sonia Gomes, Teresa Margolles e Zuzu Angel.

Sobre a curadora: Ana Paula Cavalcanti Simioni é professora no Instituto de Estudos Brasileiros, da Universidade de São Paulo. É também orientadora credenciada junto ao programa "Culturas e Identidades Brasileiras (IEB-USP) e "Interunidades em Estética e História da Arte" (MAC-USP). Desde 2000, dedica-se ao estudo das relações entre arte e gênero no Brasil, destacando entre suas publicações "Profissão artista: pintoras e escultoras acadêmicas brasileiras, 1884-1922", EDUSP/FAPESP, 2008/2019. Foi também curadora da exposição "Mulheres artistas: as pioneiras (1880-1930), com Elaine Dias, na Pinacoteca Artística do Estado de São Paulo em 2015.

[ PARADA II ]

(Rio de Janeiro - RJ) 
abertura: 14/02/2020 sexta 17-20h
visitação: 14/02/2020 a 26/04/2020

O "Exército Monarca", de Fábio Carvalho, ocupará o Memorial Municipal Getúlio Vargas a partir de 14 de fevereiro, na instalação PARADA II

PARADA II, do artista carioca Fábio Carvalho, é uma instalação com mais de 700 bandeirinhas de papel de seda com impressão de soldados portando fuzil, com asas de borboleta saindo das costas, que ocupará a área de exposições temporárias do Salão Principal do Memorial Municipal Getúlio Vargas, com curadoria de Shannon Botelho. A impressão das bandeirinhas foi feita uma a uma, com o uso de carimbos de borracha produzidos à mão pelo próprio artista, a partir de um desenho original de sua autoria.


O uso da imagem da borboleta monarca (Danaus plexippus) em vários dos trabalhos de Fábio Carvalho vai muito além do fato de borboletas serem normalmente associadas ao universo feminino, frágil e delicado, que em oposição aos símbolos usualmente aceitos como masculinos, de força e virilidade, como os militares, formam a principal dialética da sua produção artística, que procura levantar uma discussão sobre estereótipos de gênero, e questionar o senso comum de que força e fragilidade, virilidade e poesia, masculinidade e vulnerabilidade não podem coexistir.

Seu uso surge ainda como um contraponto à camuflagem dos uniformes militares. As borboletas monarca são tóxicas, e por isso evitadas pelos predadores. Há outras espécies de borboleta não venenosas que mimetizam o padrão exuberante da monarca, que assim são também evitadas pelos predadores. Camuflagem e mimetismo são estratégias opostas de sobrevivência e proteção, que objetivam confundir e enganar, ao se fingir ser algo que não se é.


As linhas de bandeirinhas são dispostas perpendicularmente às duas paredes, em sequência ordenada, começando do alto, descendo suavemente a cada nova fileira, até ficarem na altura do chão ao final do corredor da galeria. Desta forma, até um certo ponto se poderá entrar na instalação, até que a massa de bandeirinhas te impeça de seguir.

PARADA II é sobre ordem, a imposição de uma certa ordem, que padroniza, anula diferenças, ignora a diversidade, dita um ritmo, uma regra arbitrária de ocupação dos espaços, cartesiana, regular, mas que apesar de todo o esforço de padronização, de robotização dos corpos e mentes, a menor e mais singela interferência (a entrada de pessoas do público na exposição) já desestabiliza esta ordem rígida e monótona, insere movimento, poesia, beleza (através do movimento de ar gerado pelo deslocamento das pessoas no interior da instalação).

Pela primeira vez, desde que que os "Monarcas" surgiram em 2014, há algumas bandeirinhas vazias, em branco, em meio aos soldados alados. Seu significado, entretanto, o artista faz questão de manter em segredo - "eu acho muito mais interessante e rico que cada pessoa tente elaborar por si mesma o que seriam estes vazios, estas ausências", afirmou Fábio Carvalho.


Outro detalhe, mais sutil, é que de imediato vemos essa ordem/rigor, mas se olharmos de perto, de dentro, é uma aparência, uma fachada (precária); há defeitos, emendas, rasgos, amassados; a vida real, suja, orgânica, entrópica, sempre se impõem à ordem rígida e artifical, arbitrária, que para ser preservada exige trabalho, esforço, reforço, força (violência).

Fábio Carvalho, em atividade desde 1994, tem em seu curriculum 16 exposições individuais e mais de 150 coletivas, no Brasil e exterior. Integrou importantes projetos de mapeamento da produção emergente no Brasil nos anos 1990, e fez exposições por quase todo o território nacional, e já integrou mostras na Alemanha, Argentina, Cuba, Espanha, Equador, EUA, Inglaterra, Itália, Portugal, República Checa, entre outros. Participou de 7 Residências Artísticas em Portugal e 4 no Brasil.


SERVIÇO:

exposição PARADA II
de Fábio Carvalho
curadoria Shannon Botelho
Memorial Municipal Getúlio Vargas
Praça Luís de Camões, s/n, subsolo - Glória - Rio de Janeiro
Abertura 14.02.2020 sexta 17-20h.
Visitação 14.02.2020 a 26.04.2020
terça / domingo,  10h às 17h

[ Queereres ]

(Rio de Janeiro)
abertura: 01/02/2020, 18h
até: 01/03/2020

Coletiva "Queereres" intensifica o debate sobre as questões de gênero

"E eu querendo querer-te sem ter fim
E, querendo-te, aprender o total."
Respeito e dignidade.


Fábio Carvalho

Com curadoria de Paulo Jorge Gonçalves e Elmo Martins, a galeria Modernistas inaugura neste sábado, dia 1º, às 18h, a exposição "Queereres", coletiva que reúne obras de Ana Tavares, Cris Cabus, Eleonora Dobin, Elmo Martins, Fábio Carvalho, Luiz Rocha, Osvaldo Carvalho, Paulo Jorge Gonçalves, Thelma Innecco, Valéria Oliveira, Victor Arruda, Vitor Canhamaque e Will Barcellos.

Luiz Rocha

A visão contemporânea de 13 artistas, poetizando o fato de não serem excludentes e abraçarem a diversidade: a identidade e expressão de gênero e o atual e polêmico tema, assim como a orientação sexual.

"Do querer que há e do que não há em mim."

Em um período em que conceitos e conquistas duramente alcançados parecem estar retrocedendo, estes artistas enfatizam a urgência de visões plurais como manifestações de luta. A exposição aborda as pautas LGBTQIA+, assim como a identidade de gênero, a expressão de gênero, orientação sexual e sexualidade.

Eleonora Dobin

"Queereres" poderá ser visitada até 1º de março. A galeria Modernistas fica na Rua Paschoal Carlos Magno 39, em Santa Teresa.

*via UmOlhar.net >>

[ A PORRA DA ARTE ]

(Rio de Janeiro)
abertura: 27/11/2019 - 19h
até: 15/02/2020


“Os espelhos são usados para ver o rosto;
a arte para ver a alma.”
Bernard Shaw

Nada nos une mais que a arte, essa mesma que nos convoca à introspecção, que nos faz ver para além da fragilidade da vida, da frugalidade do cotidiano, e que é capaz de nos fazer únicos no planeta. Nossa distinção (de Homo Sapiens) vem dessa capacidade de criar, de inventar, imaginar o impossível e construí-lo num acordo tácito entre nossas atividades recreativas, indagar o possível e constituí-lo de mistérios, por outro lado. É por essas razões que muitos temem a porra da arte. Ela vai tocar não feridas, mas falácias, vai expor antes mentiras que verdades. Não é campo aberto para plantio de sementes domesticadas, ao contrário, é terreno árido onde nascem, crescem e dão frutos somente as ideias mais vívidas. Aquele que busca na arte remanso é ingênuo, não percebe por onde vão suas raízes, engana-se de boa-fé, talvez, porque arte é espinho nos dedos dos tolos, espada nas mãos dos aguerridos.

Fábio Carvalho

Temos hoje, em nossa cena cultural, um claro desejo de morte da cultura, uma tanatofilia artística que extrapola os limites do respeito pelo outro com ataques sórdidos, em que verificamos postulados invejosos, mesquinhos, no nível da mera incompetência pessoal ressentida do sucesso e reconhecimento alheios. O que era para ser meio de catarse (como apregoariam os gregos da antiguidade), purgação do que é bizarro na natureza humana, e que tende a degradá-la, é renegado em sua essência como perversão, prática abominável àqueles cujos antolhos não permitem enxergar o outro, ao lado, o todo, a completude do ser. Parafraseando certo politicastro mítico seguido por essa turba, “o interesse na cultura não é no artista, nem na porra da arte”.

E o que será, então?


Aldones Nino

Uma pequena amostra disso está reunida nesta exposição em que artistas dispõem suas percepções e cognições da vida (em sociedade) à descoberta do espectador, aos critérios do diálogo, ao desejo de ampliar a rede do encontro. É esse desejo, pragmático, que leva o artista aos lugares mais improváveis porque sabe que lhe é indiferente, hoje, o local, a circunstância, o que conta é se reinventar no tempo e no espaço, porta-voz de uma época que se fará ecoar, em suas criações, como cartas para o futuro, lembretes, lembranças, avisos. O que interessa, de fato, é saber por andamos, para saber para onde vamos.
Osvaldo Carvalho

Panmela Castro

SERVIÇO:

Local: Glicerina Café e galeria
Rua General Glicério, 445 – Loja C – Laranjeiras – Rio de Janeiro
Abertura: 27 de novembro de 2019 | 19 horas
Até: 15/02/2020
Visitação: Terça a sábado: 12h00 às 00h00 – Domingo:  12h00 às 20h00
Artistas: Aldones Nino, Alexandre Dacosta, Agrippina R. Manhattan, André Sheik, Bosco Renaud, Cecilia Cipriano, Cecilia Ribas, Dalton Romão, Dani Soter, Diogo Tirado, Eduardo Mariz, Elias Lazaroni, Erika Tambke, Fábio Carvalho, Gladson Targa, Giselle Vieira, Jaques Faing, Lígia Teixeira, Lyz Parayzo, Lucas Assumpção, Luiz Badia, Marcia Clayton, Marco Antonio Portela, Mayra Rodrigues, Nathan Braga, Osvaldo Carvalho, Panmela Castro, Paulo Jorge Gonçalves, Vinicius Davi, Yoko Nishio e Zoè Gruni.
Curadoria: Osvaldo Carvalho

Elias Lazaroni

[ Cartografia Poética | Luiz Alphonsus ]

(Rio de Janeiro)
abertura: 15/01/2019 - 18h
até: 29/03/2019


A arte transpassa tempo e espaço. Ela está presente no ambiente quente e agitado dos bares e botecos e também no acolhimento expandido do cosmos, das paisagens e das grandes áreas abertas das cidades. Nelas, a arte se constrói por meio da memória emocional das pessoas que frequentam esses espaços, construindo uma cartografia afetiva.

Esse conceito norteia a obra do artista mineiro radicado no Rio de Janeiro Luiz Alphonsus, considerado um dos mais importantes e representativos artistas da sua geração, a dos anos 1970. Sua obra ganha uma retrospectiva, que inclui trabalhos inéditos, na mostra Luiz Alphonsus – Cartografia poética, que abre ao público no dia 16 de janeiro, no Espaço Cultural BNDES. Com curadoria da crítica de arte Daniela Name, a mostra reúne cerca de 80 obras em variados suportes, documentos, anotações e projetos.

Luiz Alphonsus vem usando diversas linguagens e suportes, sobretudo a fotografia, para realizar uma série de experimentações formais e conceituais em torno da representação da paisagem e da geografia, não apenas no que diz respeito às suas questões naturais, mas também ao contingente humano do Rio de Janeiro – relação e reflexão que podem ser transpostas para qualquer cidade do Brasil e do mundo.

Serviço:

abertura: 15/01/2019 - 18h
16/01/19 à 29/03/19
Segunda/Sexta-feira - 10h às 19h
BNDES
Av. República do Chile 100, Centro, Rio de Janeiro

[ Horizontes – A paisagem nas coleções MAM Rio ]

[Rio de Janeiro]
de: 10/11/2018
até: 10/03/2019



Horizontes – A paisagem nas coleções MAM Rio parte de uma triologia de mostras sobre os gêneros da pintura clássica: retrato, paisagem e natureza-morta. Se a discussão sobre gênero abrange hoje questões como identidade, discriminação, dominação, emancipação de minorias e do outro cultural, há alguns séculos tal termo restringia-se aos diferentes gêneros em que a pintura deveria ser concebida pelo artista e identificada pelo público.

Cícero Dias, Composição no. 11 - 1951.

Reunindo vídeo, pintura, escultura, objeto, desenho, fotografia, gravura e instalação, a exposição reúne mais de 100 obras de quase 70 artistas de diferentes gerações, como Alex Flemming, Alfredo Volpi, Carlos Zilio, Cícero Dias, Daniel Murgel, Eduardo Coimbra, Fábio Carvalho, José Pancetti, Lucia Laguna, Regina Vater, Thereza Simões e Wanda Pimentel, entre outros. Partindo de pinturas de paisagem para revisitar - e também repotencializar - este que é um dos gêneros clássicos da pintura.

Todas as obras integram o acervo do MAM Rio, pertencentes à coleção própria e à de Gilberto Chateaubriand.

Leda Catunda, Paisagem entrelaçada - 2006.
foto: Jaime Acioli

Horizontes, a paisagem nas coleções MAM Rio
curadoria Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes
MAM Rio
Av. Infante Dom Henrique, 85 - Parque do Flamengo
até 10/03/2019
terça a sexta, 12h às 18h; sábado, domingo e feriados, 11h às 18h

[ Jorge Fonseca – Labirinto de amor ]

(Brasília)
abertura: 12/01/2019 - 18h
até: 03/03/2019




As mais de 20 obras reunidas na mostra, produzidas entre 1998 e 2018, dão um novo significado a objetos do imaginário coletivo e apontam brechas de afeto em coisas simples do cotidiano. Praticamente todas do acervo do próprio artista, elas contam um pouco da trajetória desse artista autodidata mineiro, que foi maquinista de trem e marceneiro por mais de 15 anos.

Costurar, pintar e bordar o amor. Enfeitar e dar graça a desilusões, tropeços, desavenças. É assim que Jorge Fonseca concebe sua obra. “A mostra sugere a observação da nossa vida e da vida do outro de um jeito diferente. São obras que contam histórias, falam de percalços, sofrimentos, humores e alegrias tão familiares às pessoas”, explica o artista, em atividade desde o início dos anos 1990 e cujas obras compõem acervos de grandes instituições e colecionadores. “É como o nome da exposição sugere: a vida nada mais é que um grande labirinto de situações inesperadas”.

Em criações singulares que misturam artesanato, arte conceitual, pop, kitsch, há uma forte atitude contemporânea, uma crítica contundente às relações humanas. Fonseca dá outra leitura a materiais comuns, tecidos, miudezas de armarinho ou objetos simples que habitam o imaginário de muita gente. “É o que chamo de ‘obra desfrutável’. As pessoas se envolvem emocionalmente com as histórias contadas por cada peça”, diz a crítica de arte Fernanda Terra, curadora da exposição.

“Elas se reconhecem, recordam vivências ou lembram de alguém que viveu aquilo. É algo que fala do real, da vida como ela é, mas não de uma forma endurecida e sim cheia de afeto. É difícil observar uma das obras e não abrir um sorriso. E ao mesmo tempo é ácida, irônica, remete aos sentimentos mais íntimos”, ressalta Terra. A curadora destaca ainda que Fonseca é um grande observador do cotidiano, das relações, dos sentimentos. “Por mais que sua obra aborde questões da cultura popular novelística, folclore e religiosidade, o amor se destaca. É um reflexo de como ele enxerga o outro, sempre de um jeito carinhoso”.

Serviço:
exposição Jorge Fonseca – Labirinto de amor
Caixa Cultural - Brasília
SBS - Quadra 04, Lotes 3/4 - Asa Sul
Abertura: 12/01/19 às 18:00h
de 13/01/19 à 03/03/19
Terça/Domingo - 9h às 21h