[ A PORRA DA ARTE ]

(Rio de Janeiro)
abertura: 27/11/2019 - 19h
até: 15/02/2020


“Os espelhos são usados para ver o rosto;
a arte para ver a alma.”
Bernard Shaw

Nada nos une mais que a arte, essa mesma que nos convoca à introspecção, que nos faz ver para além da fragilidade da vida, da frugalidade do cotidiano, e que é capaz de nos fazer únicos no planeta. Nossa distinção (de Homo Sapiens) vem dessa capacidade de criar, de inventar, imaginar o impossível e construí-lo num acordo tácito entre nossas atividades recreativas, indagar o possível e constituí-lo de mistérios, por outro lado. É por essas razões que muitos temem a porra da arte. Ela vai tocar não feridas, mas falácias, vai expor antes mentiras que verdades. Não é campo aberto para plantio de sementes domesticadas, ao contrário, é terreno árido onde nascem, crescem e dão frutos somente as ideias mais vívidas. Aquele que busca na arte remanso é ingênuo, não percebe por onde vão suas raízes, engana-se de boa-fé, talvez, porque arte é espinho nos dedos dos tolos, espada nas mãos dos aguerridos.

Fábio Carvalho

Temos hoje, em nossa cena cultural, um claro desejo de morte da cultura, uma tanatofilia artística que extrapola os limites do respeito pelo outro com ataques sórdidos, em que verificamos postulados invejosos, mesquinhos, no nível da mera incompetência pessoal ressentida do sucesso e reconhecimento alheios. O que era para ser meio de catarse (como apregoariam os gregos da antiguidade), purgação do que é bizarro na natureza humana, e que tende a degradá-la, é renegado em sua essência como perversão, prática abominável àqueles cujos antolhos não permitem enxergar o outro, ao lado, o todo, a completude do ser. Parafraseando certo politicastro mítico seguido por essa turba, “o interesse na cultura não é no artista, nem na porra da arte”.

E o que será, então?


Aldones Nino

Uma pequena amostra disso está reunida nesta exposição em que artistas dispõem suas percepções e cognições da vida (em sociedade) à descoberta do espectador, aos critérios do diálogo, ao desejo de ampliar a rede do encontro. É esse desejo, pragmático, que leva o artista aos lugares mais improváveis porque sabe que lhe é indiferente, hoje, o local, a circunstância, o que conta é se reinventar no tempo e no espaço, porta-voz de uma época que se fará ecoar, em suas criações, como cartas para o futuro, lembretes, lembranças, avisos. O que interessa, de fato, é saber por andamos, para saber para onde vamos.
Osvaldo Carvalho

Panmela Castro

SERVIÇO:

Local: Glicerina Café e galeria
Rua General Glicério, 445 – Loja C – Laranjeiras – Rio de Janeiro
Abertura: 27 de novembro de 2019 | 19 horas
Até: 15/02/2020
Visitação: Terça a sábado: 12h00 às 00h00 – Domingo:  12h00 às 20h00
Artistas: Aldones Nino, Alexandre Dacosta, Agrippina R. Manhattan, André Sheik, Bosco Renaud, Cecilia Cipriano, Cecilia Ribas, Dalton Romão, Dani Soter, Diogo Tirado, Eduardo Mariz, Elias Lazaroni, Erika Tambke, Fábio Carvalho, Gladson Targa, Giselle Vieira, Jaques Faing, Lígia Teixeira, Lyz Parayzo, Lucas Assumpção, Luiz Badia, Marcia Clayton, Marco Antonio Portela, Mayra Rodrigues, Nathan Braga, Osvaldo Carvalho, Panmela Castro, Paulo Jorge Gonçalves, Vinicius Davi, Yoko Nishio e Zoè Gruni.
Curadoria: Osvaldo Carvalho

Elias Lazaroni

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