[ Como Refazer o Mundo ]

(Salvador)
abertura: 15/05/2014, 19 horas.
até: 30/07/2014




Artistas: André Winn . Andrea Brown . Andrey Zignnatto . Adrianna Eu . Almandrade . Ana Verana . Arthur Scovino . Bicicleta Sem Freio . Bruno Miguel . Camila Soato . Carolina Paz . Derlon Almeida . Eliezer Bezerra . Evandro Soares . Fabiano Devide . Fábio Baroli . Fábio Carvalho . Fábio Magalhães . Helô Sanvoy . João Oliveira . Juliana Moraes . Lilian Maus . Luciana Knabben . Luiz Mauro . Marcelo Daldoce . Maíra Lins . Péricles Mendes . Renata Cruz . Rosa Bunchaft . Tuti Minervino . Victor Leguy . Virgílio Neto . Zé de Rocha.

Curadoria: Divino Sobral

A galeria Luiz Fernando Landeiro Arte Contemporânea abre no dia 15 de maio, às 19 horas, a exposição coletiva Como refazer o mundo, com curadoria assinada por Divino Sobral, artista plástico e curador goiano. A exposição ficará em cartaz até o dia 30 de julho, enriquecendo a programação cultural de Salvador durante a 3ª Bienal da Bahia.

Fábio Baroli (MG)

A exposição Como refazer o mundo agrupa pintura, desenho, aquarela, gravura, bordado, recorte, objeto, instalação, fotografia, vídeo, registro de performance, performance e graffiti, evidenciando a prática artística contemporânea como uma atividade que se dedica a refazer aspectos do mundo. Reúne obras que trabalham com diferentes categorias e suportes, que reconstroem e deslocam o estatuto e a configuração de imagens e figuras, de pequenas coisas do dia a dia, de acontecimentos que passam despercebidos, de objetos que de tanto usarmos deixamos de notar, de afetos que vão sendo armazenados na memória e para os quais muitas vezes não temos tempo, de desejos que frustramos, desviamos ou não realizamos, de espaços da imaginação que deixamos de frequentar e de colocarmos em conversação com os espaços do mundo, por estarmos tão alienados pelo funcionalismo e pela urgência da vida nas grandes cidades. Reúne obras feitas em diálogo com o mundo e que nos colocam atentos a ele, que nos convidam a vivenciá-lo, que operam e produzem sentido diante dele e para ele, trabalhos que propõem inúmeras formas de conversações com as questões da vida atual.

Fábio Carvalho (RJ)

O público soteropolitano poderá ver em conjunto diversas questões de interesse no quadro da produção brasileira, tais como: a apropriação e a mistura de imagens prontas produzidas tanto pela história da arte quanto pela publicidade e pela indústria; a recuperação da linguagem figurativa explorada na elaboração de narrativas visuais dedicadas ao universo da intimidade do artista e à manifestação do sujeito em atrito com o mundo; o desenvolvimento de complexas relações entre imagem e texto; as diferentes maneiras pelas quais se manifestam repertórios vinculados à memória; a presença de procedimentos de colecionismo e de arquivismo na formação das obras; o diálogo entre as heranças populares e a linguagem contemporânea; a presença ou a representação do corpo e da carne humana na constituição da obra; o conceito de obra em processo aberta aos experimentos e ao registro do tempo; a crítica à alienação da sociedade de consumo; a importância do desenho enquanto linguagem autônoma nos circuitos de arte institucional e mercadológico.
Divino Sobral


Renata Cruz (SP)

No dia 17 de maio, sábado, às 17 horas, o curador realizará uma visita guiada à exposição comentando as obras e as relações poéticas criadas por ele entre elas no espaço da galeria.

abertura: 15 de maio de 2014, às 19 horas.
até: 16 de maio a 30 de julho de 2014.
visita guiada com o curador: 17 de maio, às 17 horas.
horário: segunda/sábado, 10 - 19 horas
Luiz Fernando Landeiro Arte Contemporânea
Rua da Paciência, nº 227, Rio Vermelho, 41.950-010, Salvador / BA.
Tel. 55 71 3035-4154 / 8802-4154

[ Fábio Carvalho acaba de retornar de Portugal, onde participou de nova residência artística ]


Depois de Caldas da Rainha (Faianças Bordallo Pinheiro, 2011), Porto (Maus Hábitos, 2012), Vista Alegre (Porcelana Vista Alegre, 2013) e Ílhavo (Oficina da Formiga, 2013), Fábio Carvalho acaba de retornar de sua quinta residência artística em Portugal.

Esta foi a quarta residência artística de Fábio Carvalho com cerâmica, que aconteceu na São Bernardo Ceramics, fundada em Alcobaça nos anos 1980 pelo arquiteto Manuel da Bernarda, cuja família está envolvida na industria da cerâmica desde 1875. Alcobaça é uma cidade onde a tradição da produção cerâmica remonta ao século XII.

O projeto e a curadoria da residência artística são de Maria de Fátima Lambert, curadora residente no Porto, Portugal, atuante em todo aquele país e no exterior, incluindo o Brasil. Além de Fábio Carvalho mais 3 artistas brasileiros e 12 portugueses fizeram parte da residência artística. As obras em cerâmica produzidas serão expostas em outubro no Museu Nacional Soares dos Reis, no Porto, Portugal. A São Bernardo Ceramics tem tradição na colaboração com renomados artistas internacionais, como Gerald Gulotta, Jasper Conran, James Packer, John Rochas, Arnold Zimmerman, Nancy Smith, entre outros.
Na residência, Fábio Carvalho produziu dois novos trabalhos: Em Pele de Cordeiro, uma obra de grandes dimensões (2,0 x 1,5 m) , composta por quase 1300 pequenas peças (borboletas e flores), ampliando os limites da sua recente experiência em cerâmica, e Gêmeos, obra composta por 4 peças de tamanho médio.


Na obra Em Pele de Cordeiro o artista criou um mosaico com aproximadamente 670 borboletas e 620 flores moldadas totalmente à mão pelo artista, e vidradas em 6 diferentes cores, que juntas formam o desenho de um soldado em tamanho natural com uniforme militar camuflado segurando um fuzil. O soldado em mosaico estará "deitado" sobre uma superfície de 60 cm de altura, aproximadamente a altura de uma cama. As borboletas e flores não estarão coladas na superfície, acentuando o caráter frágil das pequenas peças, e reforçando a ideia de que tudo aquilo pode se desfazer a qualquer instante.

Em Pele de Cordeiro, projeto

Como sugere o título da obra, Em Pele de Cordeiro, as borboletas e flores seduzem o olhar com sua delicadeza e fragilidade, talvez fazendo-nos até esquecer que elas fazem parte de uma imagem que representa, em particular tendo em foco a história recente brasileira, violência e repressão. Estamos portanto diante de um dilema provocado por um discurso contraditório, dúbio, e cabe a cada um tomar a sua posição frente a este dilema.

Em Pele de Cordeiro, detalhe

[ Fábio Carvalho realiza em Portugal a intervenção urbana "Migração Monarca" ]


Fábio Carvalho está mais uma vez em Portugal, onde realiza a intervenção urbana "Migração Monarca" em junho, durante as tradicionais "Festas de Lisboa". Nesta época, que vai de finais de maio até início de julho, tendo seu auge no dia de Santo Antônio (13/6), padroeiro popular dos lisboetas, algumas áreas de Lisboa, especialmente no Alfama, se cobrem de ornamentações e barraquinhas de comidas típicas, tudo acompanhado de muita música e desfiles populares. O tema das festas em 2014 é a "Peregrinação", livro de Fernão Mendes Pinto, que completa 400 anos da sua publicação.


Os "Monarcas" são impressões com tinta acrílica em folhas de papel de seda branco, de tamanho aproximado ao de uma bandeirinha de festas de São João. A impressão foi feita com o uso de carimbos de borracha produzidos à mão pelo próprio artista, a partir de um desenho original de sua autoria de um soldado em uniforme camuflado, com asas de borboleta saindo de suas costas.

As "bandeirinhas" são coladas em linha branca, para serem penduradas pelas ruas em meio às ornamentações já existentes. Migração Monarca é uma intervenção urbana discreta, de pequena escala, que como os soldados em tocaia nas matas, se camufla sutilmente de ornamentação. Porém, devido a vibração das cores das asas, e o farfalhar das folhas ao vento, a qualquer momento capturam a atenção dos passantes, que por vezes se mostram intrigados com o que veem. Foi observado que em alguns casos há uma associação quase imediata ao 25 de abril, dia de comemoração do início da Revolução dos Cravos, que deu fim à ditadura de Salazar em Portugal, que completou 40 anos em 2014.


O uso da borboleta monarca (Danaus plexippus) em alguns dos trabalhos de Fábio Carvalho vai muito além do simples fato de borboletas serem normalmente associadas ao universo feminino, frágil e delicado, que em oposição aos símbolos usualmente pensados como masculinos, de força e virilidade, como os militares, formam a principal dialética de sua produção artística, que procura levantar uma discussão sobre estereótipos de gênero, e questionar o senso comum de que força e fragilidade, virilidade e poesia, masculinidade e vulnerabilidade não podem coexistir.

Seu uso surgiu também como um contraponto à camuflagem dos uniformes militares. As borboletas monarca são tóxicas, e por isso evitadas pelos predadores. Há outras espécies de borboleta não venenosas que mimetizam (imitam) o padrão exuberante da monarca, que assim são também evitadas pelos predadores. Com a camuflagem, procura-se misturar ao ambiente, para não ser visto. Já no mimetismo acontece o oposto, trata-se de chamar muita atenção. Ambos são porém igualmente estratégias de sobrevivência e proteção, que objetivam confundir e enganar, ao se fingir ser algo que não se é.


A borboleta monarca é a única espécie de borboleta a realizar uma migração longa, chegando a voar até 4.800 Km para chegar ao seu destino. A sua migração de reprodução, quando se tornam mais ativas, se dá na primavera do hemisfério norte.

Deste aspecto migratório da borboleta monarca, somado ao fato de que o trabalho foi originalmente criado no Rio de Janeiro, e a ida de Fábio Carvalho para Portugal, durante a primavera do hemisfério norte, mesmo período da migração das borboletas monarcas, surge Migração Monarca, que é um desdobramento da obra Parada Monarca, ainda inédita, e que será apresentada brevemente na exposição Papel de Seda, no IPN - Museu Memorial, na Gamboa (Rio de Janeiro), com curadoria de Marco Antonio Teobaldo.


O curioso é que as borboletas monarcas começaram recentemente a aparecer com frequência em Portugal continental, na região do Algarve, fato que jamais havia sido registrado até o início do século XXI.

Fábio Carvalho participará ainda em Portugal de uma residência artística na São Bernardo Ceramics, em Alcobaça, com curadoria de Maria de Fátima Lambert, curadora residente no Porto, Portugal, atuante em todo aquele país e no exterior, incluindo o Brasil, cujo resultado será apresentado no Museu Nacional Soares dos Reis, no Porto.