[ Fábio Carvalho acaba de retornar de Portugal, onde participou de nova residência artística ]


Depois de Caldas da Rainha (Faianças Bordallo Pinheiro, 2011), Porto (Maus Hábitos, 2012), Vista Alegre (Porcelana Vista Alegre, 2013) e Ílhavo (Oficina da Formiga, 2013), Fábio Carvalho acaba de retornar de sua quinta residência artística em Portugal.

Esta foi a quarta residência artística de Fábio Carvalho com cerâmica, que aconteceu na São Bernardo Ceramics, fundada em Alcobaça nos anos 1980 pelo arquiteto Manuel da Bernarda, cuja família está envolvida na industria da cerâmica desde 1875. Alcobaça é uma cidade onde a tradição da produção cerâmica remonta ao século XII.

O projeto e a curadoria da residência artística são de Maria de Fátima Lambert, curadora residente no Porto, Portugal, atuante em todo aquele país e no exterior, incluindo o Brasil. Além de Fábio Carvalho mais 3 artistas brasileiros e 12 portugueses fizeram parte da residência artística. As obras em cerâmica produzidas serão expostas em outubro no Museu Nacional Soares dos Reis, no Porto, Portugal. A São Bernardo Ceramics tem tradição na colaboração com renomados artistas internacionais, como Gerald Gulotta, Jasper Conran, James Packer, John Rochas, Arnold Zimmerman, Nancy Smith, entre outros.
Na residência, Fábio Carvalho produziu dois novos trabalhos: Em Pele de Cordeiro, uma obra de grandes dimensões (2,0 x 1,5 m) , composta por quase 1300 pequenas peças (borboletas e flores), ampliando os limites da sua recente experiência em cerâmica, e Gêmeos, obra composta por 4 peças de tamanho médio.


Na obra Em Pele de Cordeiro o artista criou um mosaico com aproximadamente 670 borboletas e 620 flores moldadas totalmente à mão pelo artista, e vidradas em 6 diferentes cores, que juntas formam o desenho de um soldado em tamanho natural com uniforme militar camuflado segurando um fuzil. O soldado em mosaico estará "deitado" sobre uma superfície de 60 cm de altura, aproximadamente a altura de uma cama. As borboletas e flores não estarão coladas na superfície, acentuando o caráter frágil das pequenas peças, e reforçando a ideia de que tudo aquilo pode se desfazer a qualquer instante.

Em Pele de Cordeiro, projeto

Como sugere o título da obra, Em Pele de Cordeiro, as borboletas e flores seduzem o olhar com sua delicadeza e fragilidade, talvez fazendo-nos até esquecer que elas fazem parte de uma imagem que representa, em particular tendo em foco a história recente brasileira, violência e repressão. Estamos portanto diante de um dilema provocado por um discurso contraditório, dúbio, e cabe a cada um tomar a sua posição frente a este dilema.

Em Pele de Cordeiro, detalhe

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