[ Rosana Palazyan - Oxalis corniculata Homo ]

Oxalis corniculata Homo, 2014
Da série: Multiplicação das espécies
18 cm x 14,7 cm x 1.5 cm
Edição de 50

Oxalis corniculata Homo com edição de 50 peças, é a primeira obra da série Multiplicação das espécies. E dá prosseguimento à proposta de questionar e gerar reflexão a classificações, definições e rótulos que transformam seres vivos em daninhas.

Como em obras anteriores, tem base na pesquisa em livros de agronomia (com definições de plantas consideradas daninhas) em paralelo às frases que usualmente são citadas por uma parte da mídia e da sociedade, relacionando-as às pessoas que se encontram em situação de exclusão social – pessoas com as quais venho trabalhando em encontros e conversas, gerando trocas e dentro de um profundo processo ao longo dos últimos anos.

Neste caso, a frase encontrada durante a pesquisa e que deu origem a esta obra - “... tem grande capacidade de multiplicação das espécies...” - me fez pensar na relação entre dois questionamentos: a facilidade de multiplicação das espécies de seres vivos considerados “daninhas”; e a proposição de múltiplos de obras de arte.


Dentro deste contexto de multiplicação de espécies/imagens/obras de arte, a escolha de materiais e procedimentos começou a ser definido:

- Em cada peça a imagem da espécie Oxalis corniculata foi impressa com tinta para carimbo, utilizando a própria planta como matriz; e com papel carbono foi desenhada a imagem de uma figura humana. Ambas deram origem ao título da obra Oxalis corniculata Homo - nome científico criado para esta nova espécie – planta/homem.

Meio pioneiro e tradicional para duplicação de textos, desenhos e documentos - o papel carbono - e almofadas impregnadas com tinta para carimbos como meio de multiplicação de formas e marcas – ambos utilizados usualmente na cor azul - foram aqui recuperados como memória visual - hoje esquecidos e substituídos pela tecnologia.

- Uma pequena garrafa de vidro que guarda em seu interior sementes originais da planta Oxalis corniculata; deixa transparecer a imagem do homem desenhada sobre o tecido, como se juntos ambos fossem as sementes desta nova espécie. Trazendo a ideia de dispersão de sementes como a forma mais tradicional e eficaz ainda hoje na multiplicação das espécies.

Em aproximadamente 70 dias de produção, a primeira fase consistiu na coleta de plantas nas ruas do RJ e seu o cultivo dentro do atelier. Durante todo o processo o ciclo natural de floração e nascimento das sementes foi respeitado até que estas pudessem ser coletadas no período de dispersão e secagem em seu tempo natural para em seguida serem utilizadas.

- O carimbo produzido com a inscrição: “Daninha?” ao questionar subverte a ideia de carimbos e rótulos. Dentro desta poética, mais uma vez proponho ao espectador que se depare em uma situação sem verdades e sem repostas absolutas.

Detalhe


Embora a obra esteja inserida em uma edição de 50 peças e apenas uma única espécie de planta tenha sido utilizada, dentro de todo o processo, elas surgem diferentes. Delicadas e frágeis, sem resistência ao impacto da impressão, suas formas foram se transformando. Além disso, foram utilizadas como matrizes novas plantas da mesma espécie com formatos diferentes encontrados na natureza. Os desenhos da figura humana produzidos um a um, mesmo que com papel carbono também tomaram formas individuais.

Por este motivo, e pela execução totalmente manual de todos os outros procedimentos realizados peça por peça, as obras têm aparência diferenciada. Mais uma vez fazendo refletir sobre a questão de multiplicação e identidade.

O que nesta obra se tornou mais evidente, tem sido recorrente em meu processo. Tanto o homem quanto a natureza são investigados de forma não homogênea. Buscando ouvir individualmente cada história, respeitando suas identidades, numa tentativa para o entendimento de uma nova sociedade.

Rosana Palazyan, Maio de 2014


Saiba mais : Clube Hall / Arte Hall
http://www.artehall.com.br/clube-hall/clubehall-rio-primeira-edicao

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