[ Renata Lucas – Gentileza ]

(Rio de Janeiro)

Sábado, dia 30/07, a Gentil Carioca abre a mostra "Gentileza" da artista Renata Lucas.




Renata re-delimita internamente o espaço da arte ao seu entorno, trabalhando com intervenções radicais na arquitetura de instituições ou em lugares arquitetônicos, em cruzamentos urbanos, calçadas, incidindo no espaço objetivo, nas relações sociais, na institucionalidade das coisas.

Diante desta relação sujeito-artista-lugar, Renata se surpreendeu com o entorno da A Gentil Carioca. Para quem não sabe e usando palavras da própria artista, a A Gentil Carioca está entranhada num circuito de lojas de imigrantes, sobretudo árabes, no centro do Rio de Janeiro, a região do ‘Saara’, como é popularmente conhecida. Neste local amontoado de lojas e ambulantes, encontra-se todo tipo de comércio: vende-se artigos de papelaria, armarinhos, tecidos, perucas, fantasias de carnaval, calçados, mochilas etc. Funcionam ateliês de costura, bureaus, agências fotográficas e os mais variados negócios. É um verdadeiro mercado aberto onde os produtos à venda se misturam e confudem os limites entre uma loja e outra, numa paisagem multicolorida e populosa", isto é, um lugar popular de negócios e relações humanas.

Sem abdicar deste contexto-acontecimento estético, Renata resolveu trazer de alguma forma o estado de coisas comunitário para o dentro-fora de sua obra. Decidiu intervir na vizinhança, no mais delicado e íntimo lugar símbolo das relações sociais, no sossego do vizinho. O trabalho, denominado Gentileza, teve início testando os limites da negociação (gentileza, colaboração, abuso, etc).

Renata, através de dois cortes precisos e cirúrgicos revela o íntimo, o escondido, o particular. Traz este espaço inusitado para o espaço público, a galeria, o lugar expositivo e, ao mesmo tempo, devassando a intimidade da galeria e seu cotidiano. Este corte que retira o limite que vela e separa a intimidade daqui e de lá, diferente de uma questão voyeurística, provoca um trânsito espacial, arquitetônico, institucional e político, e nos revela que os limites institucionalizados às vezes parecem muros intransponíveis. Mas nada que este abuso na jogada do jogo da gentileza e muita poesia não possam fazer para juntar o separado, colar o impossível.



Abertura 30/07/2005 às 16h
Exposição 02/08 a 27/08
Rua Gonçalves Ledo 17 sobrado - Centro
terça a sexta das 12h às 19h sábados das 12h às 17h
correio@agentilcarioca.com.br

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