(São Paulo)
O artista e escritor argentino León Ferrari é o convidado do próximo debate da série "Trópico na Pinacoteca". Ele irá falar sobre os seus 50 anos de trajetória artística, apresentando imagens de trabalhos e respondendo a perguntas de Lisette Lagando, co-editora de Trópico. Excepcionalmente, o debate não ocorrerá num sábado, mas no próximo domingo, dia 5 de junho, às 16h, na Pinacoteca do Estado.
Nascido em 1920, em Buenos Aires, Ferrari deu início a sua produção artística aos 35 anos, com esculturas abstratas, utilizando cerâmica, gesso, vidro, madeira e arames de aço inoxidável. Quando abandona a abstração, o artista integra-se a movimentos culturais de atuação política, entre eles o grupo Tucuman Arde, no final dos anos 1960. São deste período os primeiros trabalhos com alusões diretas à Igreja Católica, à Guerra do Vietnã e ao fascismo.
Para fugir da repressão instaurada pela ditadura militar argentina (1976-1983), León Ferrari se auto-exila em São Paulo, em 1976, onde retoma as esculturas de aço abstratas e, em paralelo, desenvolve experiências com técnicas e suportes variados, desde o xerox até o videotexto, passando pela arte postal, pelas microfichas, pelos livros de artista, pela heliografia etc. O retorno a Buenos Aires ocorre em 1991.
No final do ano passado, uma exposição retrospectiva apresentada no Centro Cultural Recoleta, com cerca de 400 trabalhos, mobilizou grupos contrários e favoráveis à obra de Ferrari.
Primeiro, um grupo de católicos invadiu a instituição e destruiu 10 das peças em exposição. Um mês depois de inaugurada, a mostra sofreu ato de censura por "blasfêmia" e foi fechada por decisão judicial. A medida gerou uma onda de manifestações -inclusive virtuais, pela internet-, lideradas por intelectuais e artistas, até que a exposição foi reaberta 10 dias depois.
Hoje, com 85 anos de idade, Ferrari é um dos poucos remanescentes ainda em atividade da vanguarda argentina da segunda metade do século 20 e um dos principais nomes da arte latino-americana.
Trópico na Pinacoteca
Local: Pinacoteca do Estado de São Paulo, Praça da Luz 2
Telefone: (11) 3229.9844
Dia: domingo, 5 de junho 2005, às 16h
Entrada: gratuita
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