[ Paisagens Invisíveis ]

(São Paulo)

abertura: 17/12/2016
até: 29/01/2017


A parte externa do prédio do MuBE, vista da avenida Europa, é uma praça que está plenamente integrada com a paisagem de um bairro que é um jardim.

Mas o espaço interno, no subsolo, é inacessível ao olhar de quem passa na rua. Paisagens Invisíveis é uma exposição de arte sonora que chama atenção para aspectos da paisagens que vão além da visibilidade. A área expositiva interna está completamente vazia de objetos, mas ocupada por sons.
Três núcleos estruturam a exposição: 1. Ruídos e Natureza, que traz sons produzidos a partir de elementos naturais e vibrações irregulares. 2. Paisagens narrativas, com monólogos e diálogos captados na cidade. 3. Paisagens eletrônicas, que traz sons de amplitudes e frequências diversas produzidos digitalmente, por computadores ou traquitanas artificiais.

Onze autores ativam os espaços expositivos com ondas sonoras que ecoam no concreto e exploram sensações de volume e localização espacial. É da relação entre a música, o rádio e as artes visuais, em contato com a arquitetura, que a arte sonora se constitui e expande o campo de possibilidades de atuação do artista. O público é convidado a percorrer o museu seguindo luzes e sons que indicam o trajeto. O aparelho auditivo, responsável por um dos sentidos que geralmente não é o protagonista das exposições de arte, está no centro da experiência.

A mostra aguça a percepção dos visitantes em relação ao seu entorno e contribui para expandir a noção de escultura. Ao exigir a escuta, Paisagens Invisíveis revela possibilidades de compreensão do modo como som ocupa e se relaciona com o espaço tridimensional.

Você também quer sair dessa vida sem sentido?

As peças de Antônio Ewbank, Chico Togni e Edu Marin ocupam parte significativa da área expositiva externa do MuBE. Elas se integram ao ambiente da praça, local de lazer, e se relacionam com toda a paisagem ao redor.

Uma grande pedra, feita predominantemente de materiais orgânicos, madeira e papel, é um área de descanso e repouso. É como se esse trabalho tridimensional se aproximasse do tradicional jardim de pedras japonês. No jardim zen a pedra está relacionada a montanha, lugar de meditação e abertura da mente e do corpo para outros estados e condições espirituais.

Em Você também quer sair dessa vida sem sentido? é no topo da pedra que está armazenada a água que alimenta os chuveiros sobre os deques. Em pleno verão paulistano, os visitantes podem refrescar seus corpos, relaxar e contemplar a paisagem. Quatro arquibancadas também compõe o conjunto das peças. Geralmente destinada para que o público se acomode e assista algum evento, ela aqui é o próprio evento. Ao incorporar a funcionalidade as peças tencionam a relação entre arte e design.

O título do trabalho, em vez de buscar uma resposta universal, formula uma pergunta. Ele aborda o sentido da vida, questionamento que tanto a filosofia como a religião, ao longo de toda existência humana, se colocaram. Sem pretender criar algum dogma ou se aproximar da autoajuda, o trabalho constrói um espaço para uma reflexão que não é só da mente, mas também do corpo em relação ao espaço, a arquitetura e a paisagem urbana.