[ APOSTO 2.0 e OCUPAÇÃO MONARCA em Lisboa - Fábio Carvalho ]

Depois de passar 30 dias na Residência Artística HS13rc entre fevereiro e março deste ano, o artista retorna a Lisboa de 20/10 a 18/11 para realizar a segunda fase do projeto de intervenção urbana APOSTO. Na primeira fase do projeto, o artista criou dois novos padrões de azulejo, a partir de fotos de peças da série "Delicado Desejo". A série "Delicado Desejo" é composta por armas de fogo criadas a partir de um patchwork de diversas rendas.

Os novos padrões de azulejo foram impressos em papel, e depois aplicados com cola de amido em fachadas de prédios lisboetas onde os azulejos originais já estavam em falta, por deterioração ou roubo. Nenhum azulejo real foi encoberto pelos azulejos de papel do artista. A escolha entre um ou outro dos padrões criados pelo artista era feita de forma a se conseguir a melhor integração possível com os azulejos originais, já existentes nas fachadas. 

APOSTO - fev/mar 2015

intervenção urbana APOSTO durou 35 dias, e rendeu 45 intervenções em fachadas e mais de 300 inserções de azulejos de papel, 5 visitas guiadas, 4 entrevistas (3 Portugal, 1 Brasil), e 58 artigos/notas em jornais, sites e revistas (34 Portugal, 18 Brasil, 2 Espanha, 3 EUA, 1 República Checa).

Logo após a intervenção urbana APOSTO o artista realizou a exposição individual REJUNTE na galeria do Instituto Pretos Novos (Rio de Janeiro), com curadoria de Marco Antonio Teobaldo, onde apresentou uma seleção de fotos da ação em Lisboa, bem como novos trabalhos novos, desdobramentos da ação APOSTO.

APOSTO - fev/mar 2015

Além dos dois novos padrões de azulejo criados, em um caso particular Fábio Carvalho criou um padrão específico, “sob medida”, visando um maior diálogo entre o padrão original na fachada e o criado pelo artista (acima). É exatamente este aspecto que será ampliado nesta segunda fase da da intervenção urbana APOSTO, batizada como “APOSTO 2.0”. O artista irá criar uma grande variedade de novos padrões para seus azulejos de papel, cada qual destinado a apenas um único padrão português original. Desta forma, cada fachada com faltas será completada com um desenho de azulejo desenvolvido especialmente para aquele prédio.Fábio Carvalho conta que desde que começou a vir à Lisboa com regularidade, a partir de 2011, ficou interessado pelos remendos que as pessoas fazem nas fachadas de suas casas, usando padrões diferentes dos originais para completar os buracos que vão aparecendo, e que isto foi um dos pontos de partida para esta intervenção artística.

APOSTO 2.0 (projeto)

Na página hs13rclisboa.blogspot.com.br  é possível conhecer a primeira fase da intervenção urbana, além de acompanhar a evolução da segunda fase “APOSTO 2.0”.

Além de “APOSTO 2.0”, o artista também trará a Lisboa a intervenção urbana “OCUPAÇÃO MONARCA”, iniciada em agosto deste ano no Rio de Janeiro. A intervenção urbana “OCUPAÇÃO MONARCA” consiste na aplicação de lambe lambe (impressão com tinta acrílica e carimbos s/ papel, aplicados com cola de amido) sobre postes e outras peças do mobiliário urbano em estado de degradação no Rio de Janeiro. Em Lisboa, o lambe lambe também assumirá a forma de azulejo de papel, para ser aplicado em portas e janelas preenchidas com tijolos e cimento em imóveis abandonados, e em alguns casos específicos, como complemento às faltas de azulejos em fachadas.

APOSTO x OCUPAÇÃO MONARCA (projeto)

Nesta intervenção temos como base a icônica imagem de um soldado em uniforme camuflado e armado com um fuzil, com asas de borboleta saindo de suas costas, que pode ser encontrada em uma variedade de outros trabalhos do artista, acompanhada de novos desenhos, todos advindos do universo militar: tanques de guerra, granadas, bombas, pistolas, facões, entre outras, ornamentados por uma variedade de flores. Esta série foi criada de forma a fazer referência aos azulejos de figura avulsa portugueses.

OCUPAÇÃO MONARCA (projeto)

Como em toda a sua produção, Fábio Carvalho procura questionar o senso comum de que força e fragilidade, virilidade e poesia, masculinidade e vulnerabilidade não podem coexistir, propondo uma discussão sobre estereótipos de gênero.