[ Lugar do quase hoje ]

(São Paulo)



Na individual de Monica Rubinho são apresentadas 12 obras. São desenhos, fotos, objetos e instalações em que a artista apresenta sua história, seus sonhos, amores e pensamentos através de materiais como lenços, gravetos aplicados a gravuras e recortes fotográficos, conferindo a cada um deles a idéia de parentesco íntimo e coletivo. “É possível localizar em minhas obras momentos de deslocamento do tempo pela memória, permitindo uma diversificada possibilidade de leituras em que proponho experiências de cumplicidade e incômodo”, revela.



Segundo a crítica Angélica de Moraes, que assina texto de apresentação da mostra, “a série atual de trabalhos extrai beleza da inexorável percepção da ausência irradiada desde o ‘lugar do quase hoje’. Ou seja, um lugar fora do tempo e das contingências terrenas. Algo imaterial, em eterna suspensão, que podemos evocar, mas não mais habitar ou conviver. São tecidos imanentes da ausência, feito sudários”.
O conjunto da obras reunidas na mostra refere-se a uma particularíssima percepção simbólica e afetiva dos objetos e de seus materiais. Assim, segundo Rubinho, “as árvores surgem como personagens fortes que, caladas e solitárias, carregam um dicionário de momentos através de seus corpos em diálogo poético com o entorno”. Da mesma forma, a casa de madeira tem significados múltiplos para a artista, que, filha de um marceneiro, ora a representa como extensão das árvores, ora como o espaço de proteção e intimidade.



Para Angélica, “Mônica traz desdobramentos de um repertório denso, desenvolvido ao longo de uma sólida trajetória de quase duas décadas em que vem ressignificando coisas do cotidiano e as transformando em objetos-poema ou instalações-poema. Desta vez, ela trata daquelas coisas que assomam à água escura do esquecimento e fazem doer o nervo exposto das horas póstumas”.



Para a artista, o limite entre o real e o devaneio está presente em sua obra como metáfora para situações ambíguas, uma espécie de gatilho para a realização de anseios polarizados entre o coletivo e o particular. Comuns como a necessidade contar sua própria história, de não ser enganado, poder sonhar, desejar e ter identidade; ou como o desejo de aconchegar-se, possuir um lugar com paredes, janelas e portas para morar, e outras pessoas para compartilhá-lo.

Serviço
abertura: 11 de maio de 2010, terça-feira, a partir das 20 horas
período: de 12 de maio a 03 de julho

Galeria Virgilio
Rua Virgílio de Carvalho Pinto, 426
Pinheiros, São Paulo - SP
(55 11) 3062 9446 / 3061 2999
de segunda a sexta, das 10 às 19h; e sábados, das 10 às 17h

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