[ Invisíveis - João Modé ]

(Rio de Janeiro)

O Projeto Respiração chega à sua 10ª edição como o mais conceituado projeto de intervenções contemporâneas em atividade. Tornou-se, ao longo dos seus 5 anos de existência, num exemplo raro de constância nos museus brasileiros. É importante ressaltar esse aspecto, já que são poucas as iniciativas que se conseguem manter em atividade por tanto tempo. Isso se deve ao pioneirismo e a consistência da proposta de Marcio Doctors, que transformou o Projeto Respiração em paradigma para outros museus. A Fundação Eva Klabin foi a primeira instituição museológica brasileira a abrir o seu espaço expositivo para receber arte contemporânea de forma a dialogar com o seu acervo, criando uma ponte entre as obras de arte do passado e as manifestações da atualidade, recontextualizando, assim, a história da arte.

O artista convidado para a 10ª edição é João Modé, um dos artistas mais representativos da sua geração. Sua escolha recaiu sobre o fato de ser um artista extremamente sensível ao ambiente que o circunda; criando obras que, ao dialogarem de forma sutil com o seu entorno, estabelecem uma linguagem que demanda atenção e acuidade visual do público observador. Poderíamos definir sua participação como uma forma de delicadeza e respeito ao acervo reunido por Eva Klabin, ao longo de 60 anos de colecionismo na sua casa.



A proposta de João Modé é trabalhar no limite entre os mundos da presença física e do que emana dos objetos da coleção Eva Klabin. Entre o tempo do objeto musealizado e o tempo em que estes objetos eram parte da vida cotidiana da casa, trazendo de volta os sons, os discos que ela escutava; e os aromas, seu perfume e flor prediletos, além de reativar espaços e objetos que estão fora do circuito de visitação, e dessa forma desmuzealizar a casa, trazendo de volta o tempo paralisado por ela, ao transformar sua residência em museu.

A intervenção Invisíveis terá uma ação sutil e solicitará uma atenção cuidadosa do público para distinguir o limite entre esses dois mundos: o dos objetos tais como ordenados pela colecionadora, e os objetos submetidos à ação do artista, que buscará deslocá-los do registro da apreciação para o registro das sensações, recuperando, dessa forma, uma dimensão de tempo vivido que foi encoberto por Eva Klabin ao musealizar sua própria existência.



O que interessa ao artista é provocar através de sua ação as pulsões invisíveis escondidas nas obras de arte e nos objetos da coleção e fazê-las aflorar no imaginário dos visitantes, para que eles também se sintam mobilizados afetivamente pelo espaço e pelo tempo da casa-museu. Dessa forma, segundo Marcio Doctors: “sua proposta se insere com pertinência e exatidão ao seu projeto curatorial, que busca artistas sensíveis em perceber que a casa-museu de Eva Klabin, antes de ser museu, foi um território habitado; um território cheio de recordações, memórias, vivências, que criam um pano de fundo para as obras de arte. Essa circularidade de sentido que escoa por entre a fisicalidade das obras e suas emanações sensíveis – como resultado impalpável e imaterial das relações estabelecidas por Eva Klabin – constitui o campo de proposição estética do Projeto Respiração".

Projeto Respiração - Curadoria: Marcio Doctors
Organizador: AUTOMATICA – Produtora de Arte Contemporânea
Início: domingo, 24 de maio de 2009 às 14:00
Visitação: 24/05/09 a 25/07/09 - terça a domingo - 14h às 18h
Localização: Fundação Eva Klabin
Endereço: Av. Epitácio Pessoa, 2480 - Lagoa - Rio de Janeiro
Telefone: 2132028550
E-mail: cultura@evaklabin.org.br

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