[ 60 Pós-60 ]

(São Paulo)

Mostra abarcando uma amostragem significativa de trabalhos de sessenta artistas do acervo da Pinacoteca Municipal - entre pinturas, gravuras, desenhos, fotografias, objetos e esculturas -, todos de fatura posterior aos anos 1960.

A curadoria priorizou, neste recorte cronológico, uma abordagem orientada menos por um impulso em estabelecer um conceito ou detectar afinidades estilísticas, que pela possibilidade de trazer a público trabalhos de visibilidade ou circulação reduzida.

Curadoria: Guy Amado

Abertura 21 de setembro às 19h


UM OLHAR SOBRE O ACERVO DA PINACOTECA MUNICIPAL

Ao me envolver no prazeroso desafio de imersão no acervo da Pinacoteca Municipal, no que viria a constituir a realização desta mostra, rapidamente pude constatar certa dificuldade na delimitação de um mote curatorial estanque. A despeito dos tantos exemplos de inegável valor na coleção – que de modo geral segue ainda pouco conhecida do grande público -, percebe-se em certos momentos que a mesma apresenta um teor de heterogeneidade por demais acentuado em sua conformação, ressentindo-se de uma estratégia de aquisições mais pontuais que possa por exemplo minimizar o descompasso entre seu rico acervo em papel e certa falta de equivalência – sobretudo quantitativa - em trabalhos em outros suportes. Familiarizando-me com o perfil do acervo, optei então por assimilar o que poderia em princípio ser encarado como um dificultante, nas lacunas e na diversidade do mesmo, como um fator a ser positivamente incorporado ao conjunto de trabalhos aqui reunido, abarcando uma amostragem significativa de pinturas, gravuras, desenhos, fotografias, objetos e esculturas de sessenta artistas - todos de fatura posterior aos anos 1960.

Frente à premissa de operar sobre este recorte cronológico, pareceu-me assim uma via natural proceder a uma abordagem mais descompromissada na seleção das peças – no sentido de orientar o recorte a ser realizado não tanto por um impulso em estabelecer um conceito ou detectar afinidades formais ou estilísticas a todo custo, mas antes pela possibilidade de trazer a público, por exemplo, trabalhos de visibilidade ou circulação reduzida até hoje. O que não significa, contudo, que esse procedimento tenha se imposto como um critério rígido; ainda que atrelado à inerente carga de subjetividade que caracteriza qualquer experiência curatorial, o razoável grau de ecletismo presente no conjunto final, em que aquisições recentes convivem com peças de quatro décadas de existência, não impede que brotem aqui e ali diálogos mais e menos imprevisíveis ao longo da mostra.

Finalmente, convém também ressaltar a presença central do Gabinete de Papel deste acervo, um de seus pontos fortes, no escopo da mostra, convidando ao exercício de uma apreciação saborosa e intimista de uma produção que se acredita substancialmente representativa do período englobado pela exposição.

Guy Amado
Pesquisador e crítico de arte contemporânea


Centro Cultural São Paulo
R. Vergueiro, 1000 - Paraíso - São Paulo
Quando: 22/09 a 20/11 de 2005

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