[ Transbordar: Transgressões do Bordado na Arte ]

(São Paulo - SP) 
abertura: 26/11/2020 
visitação: 26/11/2020 a 08/05/2021


Obras de arte históricas e contemporâneas, nacionais e estrangeiras, que refletem sobre o lugar do bordado na arte dos séculos XX e XXI compõem a exposição inédita Transbordar: Transgressões do Bordado na Arte, em cartaz a partir de 26/11 no Sesc Pinheiros - SP. 

A mostra reúne 39 artistas de diferentes gerações e pesquisas, como "Almofadinhas" (Fábio Carvalho, Rick Rodriguez, Rodrigo Mogiz ), Ana Bella Geiger, Bispo do Rosário, Leonilson, Nazareth Pacheco, Rosana Paulino e Zuzu Angel, e tem curadoria de Ana Paula Cavalcanti Simioni. Em comum, suas obras apresentam subversões dos sentidos tradicionalmente atribuídos a essa prática, tais como o de obras como sensíveis, delicadas e "femininas".

Fábio Carvalho - Fado Indesejado

Historicamente, o bordado, tal como ocorreu com diversas outras práticas artísticas, como a tapeçaria, vitrais e mobiliário, foi relegado pelo circuito acadêmico da Europa do século XVI à condição de uma "arte menor", ao contrário do que ocorreu com a pintura e escultura que foram, então, elevadas a "belas artes".

A exposição discute a ideia do bordado como um ornamento tido como fútil ou pouco funcional por meio de obras que incitam a pensar sobre diversos tipos de violência - contra a população infanto-juvenil, violência de gênero, violência racial, violência manicomial, gordofobia e LGBTQIA - tão disseminados na sociedade contemporânea.

Para a curadora Ana Paula Cavalcanti Simioni, "o bordado é uma prática artística carregada de significado. Frequentemente é associado a uma produção feminina, doméstica e artesanal. Essas associações, no entanto, não devem ser vistas como naturais, e sim como fruto de uma história da arte e da cultura que se construiu a partir de divisões e hierarquias que, hoje, precisam ser questionadas".

Estruturada a partir de dois módulos - Artificando o Bordado e Transbordamentos - a exposição traz ao público mais de 100 obras. A disposição dos trabalhos no espaço expositivo é, simultaneamente, histórica e temática. São criações realizadas por artistas de todos os gêneros que têm no bordado um meio expressivo e um contestador social.

Artistas que compõem a mostra: Aldo Bonadei, Anna Bella Geiger, Ana Miguel, Angela Od, Arpilleras, Beth Moysés, Bispo do Rosário, Brígida Baltar, Caroline Valansi, Edith Derdyk, Fábio Carvalho, Fernando Marques Penteado, Janaina Barros, Jeanete Musatti, Jucélia da Silva, Karen Dolorez, Leonilson, Letícia Parente, Lia Menna Barreto, Nara Amélia, Nazareno Rodrigues, Nazareth Pacheco, Nino Cais, Niobe Xandó, Paulo Lima Buenoz, Pedro Luis, Pola Fernandez, Regina Gomide Graz, Regina Vater, Rick Rodrigues, Rodrigo Lopes, Rodrigo Mogiz, Rosana Palazyan, Rosana Paulino, Rosângela Rennó, Sol Casal, Sonia Gomes, Teresa Margolles e Zuzu Angel.

Sobre a curadora: Ana Paula Cavalcanti Simioni é professora no Instituto de Estudos Brasileiros, da Universidade de São Paulo. É também orientadora credenciada junto ao programa "Culturas e Identidades Brasileiras (IEB-USP) e "Interunidades em Estética e História da Arte" (MAC-USP). Desde 2000, dedica-se ao estudo das relações entre arte e gênero no Brasil, destacando entre suas publicações "Profissão artista: pintoras e escultoras acadêmicas brasileiras, 1884-1922", EDUSP/FAPESP, 2008/2019. Foi também curadora da exposição "Mulheres artistas: as pioneiras (1880-1930), com Elaine Dias, na Pinacoteca Artística do Estado de São Paulo em 2015.

[ PARADA II ]

(Rio de Janeiro - RJ) 
abertura: 14/02/2020 sexta 17-20h
visitação: 14/02/2020 a 26/04/2020

O "Exército Monarca", de Fábio Carvalho, ocupará o Memorial Municipal Getúlio Vargas a partir de 14 de fevereiro, na instalação PARADA II

PARADA II, do artista carioca Fábio Carvalho, é uma instalação com mais de 700 bandeirinhas de papel de seda com impressão de soldados portando fuzil, com asas de borboleta saindo das costas, que ocupará a área de exposições temporárias do Salão Principal do Memorial Municipal Getúlio Vargas, com curadoria de Shannon Botelho. A impressão das bandeirinhas foi feita uma a uma, com o uso de carimbos de borracha produzidos à mão pelo próprio artista, a partir de um desenho original de sua autoria.


O uso da imagem da borboleta monarca (Danaus plexippus) em vários dos trabalhos de Fábio Carvalho vai muito além do fato de borboletas serem normalmente associadas ao universo feminino, frágil e delicado, que em oposição aos símbolos usualmente aceitos como masculinos, de força e virilidade, como os militares, formam a principal dialética da sua produção artística, que procura levantar uma discussão sobre estereótipos de gênero, e questionar o senso comum de que força e fragilidade, virilidade e poesia, masculinidade e vulnerabilidade não podem coexistir.

Seu uso surge ainda como um contraponto à camuflagem dos uniformes militares. As borboletas monarca são tóxicas, e por isso evitadas pelos predadores. Há outras espécies de borboleta não venenosas que mimetizam o padrão exuberante da monarca, que assim são também evitadas pelos predadores. Camuflagem e mimetismo são estratégias opostas de sobrevivência e proteção, que objetivam confundir e enganar, ao se fingir ser algo que não se é.


As linhas de bandeirinhas são dispostas perpendicularmente às duas paredes, em sequência ordenada, começando do alto, descendo suavemente a cada nova fileira, até ficarem na altura do chão ao final do corredor da galeria. Desta forma, até um certo ponto se poderá entrar na instalação, até que a massa de bandeirinhas te impeça de seguir.

PARADA II é sobre ordem, a imposição de uma certa ordem, que padroniza, anula diferenças, ignora a diversidade, dita um ritmo, uma regra arbitrária de ocupação dos espaços, cartesiana, regular, mas que apesar de todo o esforço de padronização, de robotização dos corpos e mentes, a menor e mais singela interferência (a entrada de pessoas do público na exposição) já desestabiliza esta ordem rígida e monótona, insere movimento, poesia, beleza (através do movimento de ar gerado pelo deslocamento das pessoas no interior da instalação).

Pela primeira vez, desde que que os "Monarcas" surgiram em 2014, há algumas bandeirinhas vazias, em branco, em meio aos soldados alados. Seu significado, entretanto, o artista faz questão de manter em segredo - "eu acho muito mais interessante e rico que cada pessoa tente elaborar por si mesma o que seriam estes vazios, estas ausências", afirmou Fábio Carvalho.


Outro detalhe, mais sutil, é que de imediato vemos essa ordem/rigor, mas se olharmos de perto, de dentro, é uma aparência, uma fachada (precária); há defeitos, emendas, rasgos, amassados; a vida real, suja, orgânica, entrópica, sempre se impõem à ordem rígida e artifical, arbitrária, que para ser preservada exige trabalho, esforço, reforço, força (violência).

Fábio Carvalho, em atividade desde 1994, tem em seu curriculum 16 exposições individuais e mais de 150 coletivas, no Brasil e exterior. Integrou importantes projetos de mapeamento da produção emergente no Brasil nos anos 1990, e fez exposições por quase todo o território nacional, e já integrou mostras na Alemanha, Argentina, Cuba, Espanha, Equador, EUA, Inglaterra, Itália, Portugal, República Checa, entre outros. Participou de 7 Residências Artísticas em Portugal e 4 no Brasil.


SERVIÇO:

exposição PARADA II
de Fábio Carvalho
curadoria Shannon Botelho
Memorial Municipal Getúlio Vargas
Praça Luís de Camões, s/n, subsolo - Glória - Rio de Janeiro
Abertura 14.02.2020 sexta 17-20h.
Visitação 14.02.2020 a 26.04.2020
terça / domingo,  10h às 17h

[ Queereres ]

(Rio de Janeiro)
abertura: 01/02/2020, 18h
até: 01/03/2020

Coletiva "Queereres" intensifica o debate sobre as questões de gênero

"E eu querendo querer-te sem ter fim
E, querendo-te, aprender o total."
Respeito e dignidade.


Fábio Carvalho

Com curadoria de Paulo Jorge Gonçalves e Elmo Martins, a galeria Modernistas inaugura neste sábado, dia 1º, às 18h, a exposição "Queereres", coletiva que reúne obras de Ana Tavares, Cris Cabus, Eleonora Dobin, Elmo Martins, Fábio Carvalho, Luiz Rocha, Osvaldo Carvalho, Paulo Jorge Gonçalves, Thelma Innecco, Valéria Oliveira, Victor Arruda, Vitor Canhamaque e Will Barcellos.

Luiz Rocha

A visão contemporânea de 13 artistas, poetizando o fato de não serem excludentes e abraçarem a diversidade: a identidade e expressão de gênero e o atual e polêmico tema, assim como a orientação sexual.

"Do querer que há e do que não há em mim."

Em um período em que conceitos e conquistas duramente alcançados parecem estar retrocedendo, estes artistas enfatizam a urgência de visões plurais como manifestações de luta. A exposição aborda as pautas LGBTQIA+, assim como a identidade de gênero, a expressão de gênero, orientação sexual e sexualidade.

Eleonora Dobin

"Queereres" poderá ser visitada até 1º de março. A galeria Modernistas fica na Rua Paschoal Carlos Magno 39, em Santa Teresa.

*via UmOlhar.net >>

[ A PORRA DA ARTE ]

(Rio de Janeiro)
abertura: 27/11/2019 - 19h
até: 15/02/2020


“Os espelhos são usados para ver o rosto;
a arte para ver a alma.”
Bernard Shaw

Nada nos une mais que a arte, essa mesma que nos convoca à introspecção, que nos faz ver para além da fragilidade da vida, da frugalidade do cotidiano, e que é capaz de nos fazer únicos no planeta. Nossa distinção (de Homo Sapiens) vem dessa capacidade de criar, de inventar, imaginar o impossível e construí-lo num acordo tácito entre nossas atividades recreativas, indagar o possível e constituí-lo de mistérios, por outro lado. É por essas razões que muitos temem a porra da arte. Ela vai tocar não feridas, mas falácias, vai expor antes mentiras que verdades. Não é campo aberto para plantio de sementes domesticadas, ao contrário, é terreno árido onde nascem, crescem e dão frutos somente as ideias mais vívidas. Aquele que busca na arte remanso é ingênuo, não percebe por onde vão suas raízes, engana-se de boa-fé, talvez, porque arte é espinho nos dedos dos tolos, espada nas mãos dos aguerridos.

Fábio Carvalho

Temos hoje, em nossa cena cultural, um claro desejo de morte da cultura, uma tanatofilia artística que extrapola os limites do respeito pelo outro com ataques sórdidos, em que verificamos postulados invejosos, mesquinhos, no nível da mera incompetência pessoal ressentida do sucesso e reconhecimento alheios. O que era para ser meio de catarse (como apregoariam os gregos da antiguidade), purgação do que é bizarro na natureza humana, e que tende a degradá-la, é renegado em sua essência como perversão, prática abominável àqueles cujos antolhos não permitem enxergar o outro, ao lado, o todo, a completude do ser. Parafraseando certo politicastro mítico seguido por essa turba, “o interesse na cultura não é no artista, nem na porra da arte”.

E o que será, então?


Aldones Nino

Uma pequena amostra disso está reunida nesta exposição em que artistas dispõem suas percepções e cognições da vida (em sociedade) à descoberta do espectador, aos critérios do diálogo, ao desejo de ampliar a rede do encontro. É esse desejo, pragmático, que leva o artista aos lugares mais improváveis porque sabe que lhe é indiferente, hoje, o local, a circunstância, o que conta é se reinventar no tempo e no espaço, porta-voz de uma época que se fará ecoar, em suas criações, como cartas para o futuro, lembretes, lembranças, avisos. O que interessa, de fato, é saber por andamos, para saber para onde vamos.
Osvaldo Carvalho

Panmela Castro

SERVIÇO:

Local: Glicerina Café e galeria
Rua General Glicério, 445 – Loja C – Laranjeiras – Rio de Janeiro
Abertura: 27 de novembro de 2019 | 19 horas
Até: 15/02/2020
Visitação: Terça a sábado: 12h00 às 00h00 – Domingo:  12h00 às 20h00
Artistas: Aldones Nino, Alexandre Dacosta, Agrippina R. Manhattan, André Sheik, Bosco Renaud, Cecilia Cipriano, Cecilia Ribas, Dalton Romão, Dani Soter, Diogo Tirado, Eduardo Mariz, Elias Lazaroni, Erika Tambke, Fábio Carvalho, Gladson Targa, Giselle Vieira, Jaques Faing, Lígia Teixeira, Lyz Parayzo, Lucas Assumpção, Luiz Badia, Marcia Clayton, Marco Antonio Portela, Mayra Rodrigues, Nathan Braga, Osvaldo Carvalho, Panmela Castro, Paulo Jorge Gonçalves, Vinicius Davi, Yoko Nishio e Zoè Gruni.
Curadoria: Osvaldo Carvalho

Elias Lazaroni