[ O Padrão Irregular - Acaso/Descaso ]

(Lisboa)
abertura: 16/7/2015
até: 31/7/2015


No próximo dia 16 de Julho às 18.30h acontece a dupla inauguração de exposições de arte contemporânea que tem como ponto de partida o acervo de azulejos históricos da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa.

O PADRÃO IRREGULAR

A exposição O padrão Irregular, com curadoria de Daniela Zurita, Isabel Gómez e Rui Luís apresenta trabalhos de Bruno Miguel Serra Sousa (Portugal), Diogo Machado (Portugal), Fábio Carvalho (Brasil) e Rodrigo Vila (Portugal).

Rodrigo Vila - 2015

Uma das dicotomias mais fascinantes que definem a vida nas cidades é a relação entre o público e o privado e como esta tem mudado ao longo do tempo. Em Lisboa, os azulejos tradicionais traduzem visualmente esta dicotomia. O caráter decorativo inerente aos azulejos passou do domínio do privilégio privado de clérigos e nobres para o domínio público do quotidiano e imaginário de todos os cidadãos e turistas da cidade.

Tomando como ponto de partida a coleção de azulejos da Faculdade de Belas Artes, esta exposição vem refletir sobre o valor privado que antes tinham os azulejos de padrões que foram usados como elementos ornamentais e de ostentação no interior de palácios, Igrejas e conventos onde só os mais privilegiados podiam desfrutar das suas cores e formas que proporcionavam e ainda proporcionam verdadeiras experiências do sublime.

Fábio Carvalho - Aposto | Transfusão-Transfiguração - 2015

A história dos azulejos também tem a sua relevância na esfera pública quando o seu uso passa a formar parte das fachadas dos prédios no período liberal do século XIX. Desde esse tempo até agora tem sido uma das características principais de Lisboa. Tentar imaginar esta cidade sem azulejos pode parecer estranho, mas a verdade é que esta situação começa a ser uma realidade quando se repara no fenômeno cada vez mais grave do furto de azulejos para serem depois vendidos nas diferentes feiras da cidade. Esta compra de azulejos roubados, curiosamente, torna um bem público num objeto privado, criando aqui uma inversão da situação anterior, quando o uso dos azulejos nas fachadas democratizou esta arte.

É aqui que a arte contemporânea se funde com a arte dos azulejos dos séculos XVII e XVIII. Com o trabalho dos artistas convidados não se trata de comprar pedaços da cidade ou azulejos roubados, mas interpretá-los e apropriar-se deles de uma maneira simbólica numa criação original.

Bruno Miguel Serra Sousa, Diogo Machado, Fábio Carvalho e Rodrigo Vila reinterpretam estes trabalhos numa reflexão sobre várias questões contemporâneas como a degradação, o vandalismo e os roubos constantes de que são vítimas os azulejos históricos de Lisboa.

ACASO/DESCASO

A exposição Acaso/Descaso, com curadoria de Cristiane Herres Terraza e Maria Manuel Dominguez apresenta trabalhos de Alexandre Mancini, Fábio Carvalho e Ricardo Junqueira, todos do Brasil.

Ricardo Junqueira - Resquício - 2015

Todos os três artistas irão apresentar intervenções em painéis de azulejos dos séculos XVII, XVIII e XIX da Faculdade de Belas Artes, antigo Convento de São Francisco. Os artistas, por serem todos brasileiros, oferecem uma possível reflexão sobre as relações de Portugal com os territórios de além-mar na construção das suas identidades culturais.

As intervenções acontecerão em três espaços distintos, espalhados pela FBAUL. A intenção deste percurso em detrimento da realização de uma exposição das obras num único local é promover uma ampliação no olhar, na medida em que o espectador pode acompanhar a arquitetura da faculdade, e traçar as suas relações históricas com o uso desta forma de arte na construção de uma tradição e identidade no presente edifício.

A exposição Acaso/Descaso, oferece assim um diálogo entre a arte e arquitetura, o tradicional e o contemporâneo, o acaso e o propositado, o descaso e o zelo. Todas estas relações não se configuram unicamente como contrastantes, mas como partes de uma mesma realidade complexa materializada em cada um dos núcleos expostos.

No dia 22 no mesmo local às 18h acontece uma mesa redonda sobre DESAPARECIMENTO DE AZULEJOS POR FURTO E FALTA DE CONSERVAÇÃO, organizada pelo projeto SOS AZULEJO.

Serviço:
exposições O Padrão Irregular e Acaso/Descaso
Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa
Largo da Academia Nacional de Belas Artes, 1249-058 Lisboa, Portugal
Telefone: 21 325 2100

Projeto desenvolvido no âmbito do Curso Livre de Práticas Curatoriais com as docentes Luísa Arruda e Luísa Santos. Apoio da CAPES — www.capes.gov.br

[ Fábio Carvalho - intervenção urbana "APOSTO" - Lisboa, Portugal ]

(Lisboa)
início: 12/2/2015
fim: indefinido

Fábio Carvalho está mais uma vez em Lisboa, Portugal, onde realiza a intervenção urbana "APOSTO".


foto: Rodrigo Vila

Para o projeto de intervenção urbana APOSTO, desenvolvido durante o período da Residência Artística HS13rc, em Lisboa, Portugal, Fábio Carvalho, que é um apaixonado pelos azulejos antigos, tendo até mesmo um projeto paralelo de levantamento dos azulejos antigos em sua cidade natal, o Rio  de Janeiro, foram criados três novos padrões de azulejo, a partir de fotos de peças da série "Delicado Desejo".


A série "Delicado Desejo" é composta por armas de fogo criadas a partir de um patchwork de diversas rendas. Como em toda a sua produção, Fábio Carvalho procura questionar o senso comum de que força e fragilidade, virilidade e poesia, masculinidade e vulnerabilidade não podem coexistir, propondo uma discussão sobre estereótipos de gênero.

Os novos padrões foram impressos a laser em papel, e depois os azulejos de papel foram aplicados com cola de amido em fachadas de prédios lisboetas onde os azulejos originais já estavam em falta nestas fachadas, por deterioração ou roubo. Nenhum azulejo original foi coberto pelos de papel. Em alguns casos, foram criados padrões específicos, visando um maior diálogo entre o padrão original e o criado pelo artista.


Procurou-se aplicar os azulejos de papel da melhor forma possível para se integrarem aos azulejos já existentes nas fachadas. Desde que começou a ir à Lisboa com regularidade, a partir de 2011, o artista ficou interessado pelos “remendos” errados que as pessoas fazem nas fachadas de suas casas, usando padrões diferentes dos originais para completar os buracos que vão aparecendo. Isto foi um dos pontos de partida para o desenvolvimento desta intervenção urbana.


Nesta ação, que Francisco Queiroz, Doutor em História da Arte, professor na Escola Superior Artística do Porto, e consultor na área da Reabilitação de Centros Históricos, afirmou na página do facebook do projecto SOS Azulejo (Portugal), seria uma "outra forma de chamar a atenção "para o constante problema de roubos e perdas de azulejos nas fachadas da cidade", nesta despudorada violação do patrimônio histórico público, podemos também ver uma analogia com a banalização da violência e da falta de valor da vida humana em nossos dias.



No total, durante 35 dias 300 azulejos de papel foram aplicados em 45 pontos de intervenção. Os azulejos de papel, ao mesmo tempo que causam um certo estranhamento ao olhar, podem ser por vezes facilmente confundidos com os azulejos originais.


Esta é a segunda vez em que o artista realiza um projeto de intervenção urbana naquela cidade. Ano passado Fábio Carvalho fez uma outra intervenção urbana, chamada “Migração Monarca”, durante as tradicionais Festas dos Santos Populares de Lisboa.

Os projetos de arte urbana de Fábio Carvalho atuam como pequenas inserções, peças que invadem o espaço quase como um parasita. As peças aparecem mais por tensionarem o que já está lá, em vez de impor-se de cima para baixo a um espaço. As peças exigem uma certa intimidade para entrar em ação. Eles permanecem dormentes até que você as ative com o seu olhar. Eles não gritam - sussurram.

Mapas do(s) tesouro(s)
(clique para ampliar)

Anjos e Penha de França
Bairro Alto, Baixa, São Cristóvão e Madalena
Graça

sobre o artista: Fábio Carvalho é um artista plástico carioca (Rio de Janeiro | Brasil) em atividade desde 1994 (13 exposições individuais e mais de 140 coletivas). Participou dos mais importantes projetos de levantamento de produção de arte emergente no Brasil nos anos 1990, como Antarctica Artes com a Folha, Salão MAM-Bahia de Artes Plásticas, Rumos Visuais - Itaú Cultural, Projéteis Funarte de Arte Contemporânea - RJ, Salão Nacional de Artes de Goiás e Salão Nacional de Artes Plásticas - MAM - RJ, entre outros. Fez exposições por quase todo o país, e já integrou mostras na Alemanha, Argentina, Chile, Cuba, Espanha, Equador, EUA, Hungria, Peru, Portugal, Reino Unido, República Tcheca e Rússia.

foto: Rodrigo Vila

saiba mais: www.fabiocarvalho.art.br/aposto.htm
facebook: www.facebook.com/fabiocarvalho2105
instagram: instagram.com/fabiocarvalho2105

[ Rosana Palazyan (RJ, Brasil) na 56a Bienal de Veneza ]

(Veneza)
abertura: 9/5/2015


Rosana Palazyan:
… Uma história que eu nunca esqueci… - 2013-2015
  Por que Daninhas? - 2006-2015




  
                                      Rosana Palazyan
                        … Uma história que eu nunca esqueci… - 2013-2015
                                       Video instalação

 “... Uma história que nunca mais esqueci...” é uma videoinstalação cujo vídeo produzido de forma ‘artesanal’ não tem pretensões de virtuosismos técnicos, mas de reordenar ou organizar a memória fragmentada sobre o genocídio armênio (c. 1915 a 1920) com base nas histórias e relatos ouvidos ao longo da vida desde a infância. Uma história que sempre foi impossível esquecer, pois o esquecimento seria o esquecimento do próprio ser. 

Brasileira de ascendência Armênia de ambos os lados, tendo iniciado minha carreira no final dos anos 80 e cercada por episódios de violência, traumas sociais, econômicos e políticos em meu país, não me sentia a vontade para tratar do tema “Armênia”. Minha urgência era aproximar as pessoas adormecidas pela banalização do cotidiano a estas questões. Desde então, venho buscando delicadamente ampliar, e potencializar a reflexão sobre a violência e exclusão no tecido social, onde todos acabam vitimados.

Ao ser convidada para participar da 4ª Bienal de Thessaloniki, cidade onde meus antepassados e seus amigos sobreviventes se refugiaram durantes alguns anos, o passado tão distante, estava diante de mim, tão próximo...

 E “quem lembra do genocídio armênio?” Eu lembro.

Foi preciso remontar cada fragmento da memória como em um quebra cabeças, carregado de enorme custo pessoal, para recontar mais uma vez uma história que me foi contada e que nunca esqueci. Lembrar e fazer lembrar para nunca mais acontecer.

O fio condutor da história é um lenço bordado por minha avó materna, quando refugiada em Thessaloniki (Grécia) com o apoio de Armenian General Benevolente Union (AGBU), onde muito jovem foi professora de bordado. O lenço transformado a cada episódio, perpassa a história desde a memória de infância (em Konya), a vida na Grécia como refugiada, a viagem ao Rio de janeiro por volta de 1926 (e sua nova vida) - até que o lenço retorne como parte integrante da obra a ser apresentada na bienal.

Escrevo este texto no calor dos acontecimentos quando nos últimos dias em meu país, jovens, mulheres, crianças, famílias, estão nas ruas lutando por seus direitos, vivendo momentos que não vivenciamos há muitos anos. O que tem me feito pensar na proximidade de todos os projetos e experiências que a arte tem me possibilitado realizar.

Se não muda o mundo, tenho vivido a arte como um percurso do entendimento e encontro com o Outro. E de forma incansável tenho me dedicado a transformar as relações das pessoas frente a questões tão urgentes, na tentativa de fazer acionar a mobilização para um mundo melhor.

Rosana Palazyan, Junho de 2013


         


  
              Rosana Palazyan
              Por que Daninhas? - 2006-2015
              Site specific - The Closter Garden,  Mekhitarist Monastery
              Island of San Lazzaro degli Armeni, Venice


A série Por que Daninhas? (2006/20015) apresenta objetos como relicários, contendo uma planta real considerada daninha sob um tecido transparente. A planta é fixada com um bordado imperceptível que acompanha seu contorno. As raízes foram substituídas por frases sobre plantas daninhas, bordadas com meus fios de cabelo. Ambos, plantas e seres humanos tem seus DNAs representados.

As frases-raízes foram extraídas de livros de agronomia consultados em minha pesquisa sobre plantas daninhas durante o processo da obra No lugar do Outro (2006)*. Trabalhando com o conceito de transformação na vida de pessoas que vivem nas ruas, em paralelo a metamorfose das borboletas - minha curiosidade sobre as daninhas deu inicio ao ler que “algumas espécies de borboletas encontram-se em extinção em conseqüência do extermínio de plantas daninhas”.  Então, o que é realmente uma planta daninha? O título Por que daninhas? questiona a terminologia utilizada para caracterizar seres vivos que são considerados indesejados.

Frases como: “poderia crescer em seu lugar algo de uma beleza mais exuberante” ou “são vistas como inimigos a serem controlados” são muito semelhantes às palavras que ouvi de algumas pessoas, durante a pesquisa nas ruas e meu envolvimento com pessoas que vivem em situação de rua.

“ Qualquer espécie pode ser considerada daninha quando nasce onde não é desejada e compete por espaço e nutrientes com culturas economicamente produtivas” – esta frase me fez ampliar a reflexão sobre pessoas e plantas consideradas daninhas. Qualquer um pode ser considerado “daninha” em algum momento ou inserido em algum contexto.

Em 2010 o trabalho adquiriu um novo corpo quando montado em suportes semelhantes às legendas para plantas nos jardins botânicos e fez parte da instalação O Jardim das Daninhas (Casa França Brasil, R.J.). Um jardim onde plantas consideradas daninhas foram cultivadas junto a plantas ornamentais e medicinais – propondo uma reflexão sobre como viver junto e quem seriam as daninhas neste jardim?

Agora, peças fotográficas representando Por que Daninhas? serão instaladas no jardim interno do Mosteiro Mequitarista na ilha San Lazzaro degli Armeni (Veneza). E as plantas daninhas que crescerem naturalmente no jardim não serão removidas, vivendo juntas às plantas ornamentais já existentes.

Nesta exposição específica, no Pavilhão Armênia da 56ª Bienal Internacional de Arte de Veneza, Por que Daninhas? é um desafio e com uma abrangência maior propõe a reflexão de acontecimentos como genocídios, as imigrações caracterizadas indesejadas por alguns países, a exclusão social e o racismo, inflados por palavras e rótulos como: “ nascem onde não são desejadas”; “ são invasoras e devem ser exterminadas”.

Rosana Palazyan, Janeiro de 2015



56th Bienal Internacional Art exhibition
La Biennale Di Venezia - 2015
The National Pavilion of the Republica of Armenia
Mekhitarist Monastery, Island of San Lazzaro degli Armeni, Venice
Opening - May 9, 2015
    
  
Artistas Contemporâneos da Diáspora ArmêniaCuradoria: Adelina Cüberyan Von Fürstenberg

No simbólico ano de 2015, por ocasião do marco dos 100 anos do Genocídio Armênio, o Ministério da Culturada República da Armênia dedicou seu pavilhão para os artistas da diáspora armênia.(...)  
Saiba mais em: 
www.armenity.net